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Semeadura direta mecanizada de árvores nativas chega a Bahia

Barato e prático, máquina viabiliza plantação em grandes áreas


A técnica foi utilizada em Luís Eduardo Magalhães, no oeste da Bahia, durante o Curso de Técnicas em Restauração Ecológica de Áreas Degradadas, ministrado pelo Instituto Socioambiental (ISA), e que integra a Campanha LEM APP 100% Legal.

Pela primeira vez na Bahia foi promovido o plantio mecanizado de sementes nativas do Cerrado, que aconteceu durante o 2º módulo do Curso de Técnicas em Restauração Ecológica de Áreas Degradadas, realizado no início do mês em Luis Eduardo Magalhães, no oeste da Bahia. O experimento contempla a técnica da “muvuca”, que consiste na mistura de sementes nativas do Cerrado, como Baru, Ingá e Ipê, com sementes agrícolas, como feijão catador, guandu, crotalária e milheto, sendo uma alternativa ao plantio manual de mudas. A mistura das sementes das mais diferentes espécies garante a diversidade de uma floresta, visando estimular a sucessão ecológica natural com o mínimo de intervenção, além de enriquecer e proteger o solo para o efetivo desenvolvimento das espécies nativas.


A ação aconteceu em uma Área de Preservação Permanente (APP) na Fazenda Liberdade, de propriedade dos irmãos Gatto, e faz parte do curso ministrado pelo Instituto Socioambiental (ISA)visando disseminar as técnicas de recuperação de áreas degradadas como forma de apoiar as ações da Campanha LEM APP 100% Legal, uma realização da Prefeitura de Luis Eduardo Magalhães, do Instituto Lina Galvani e da Conservação Internacional (CI-Brasil), com a parceria da Monsanto.

O proprietário da Fazenda Liberdade, Vilson Gatto, que acompanhou o plantio mecanizado, revela-se entusiasmado com a técnica e já pensa em reservar uma outra área para restaurar. "Achei bem interessante essa prática na nossa propriedade porque, se der certo, poderá servir para outras fazendas fazerem o reflorestamento da APP".

Os cerca de 30 profissionais que estão participando do curso modular - representantes do poder público, da iniciativa privada e de instituições de pesquisa do oeste da Bahia -, também acompanharam o processo e aprenderam sobre a técnica. O intuito é que eles se tornem potenciais multiplicadores desse mecanismo, que vem sendo implementado pelos técnicos do ISA na Bacia do Xingu, no Mato Grosso (MT), ajudando a restaurar cerca de 2,4 mil hectares de áreas degradadas em beiras de rios e nascentes em mais de 215 propriedades rurais daquela região.

Vantagens – Mais barato e prático, o uso de maquinário agrícola como vincón e plantadeira de soja e milho para o plantio de sementes de espécies nativas viabiliza a plantação em grandes áreas que demorariam a ser recuperadas com o plantio manual de mudas.

O técnico em restauração florestal do ISA, Eduardo Malta, entende que dentre as vantagens do plantio mecanizado está o baixo custo em comparação ao plantio de mudas, além de aproveitar o conhecimento agronômico já existente na propriedade. “Esta técnica vai trazer uma demanda por sementes, fortalecendo a rede de coletores do oeste baiano, que já está em formação”, afirma.

Além do plantio mecanizado de sementes, durante o 2º módulo do curso foram também realizados outros experimentos como o plantio manual de mil mudas de espécies de Cerrado e o isolamento de uma área reservada para a regeneração natural. Os experimentos serão avaliados no terceiro e último módulo do curso, que acontecerá em maio de 2012.


Segundo Georgina Cardinot, gerente do Programa Cerrado Pantanal da Conservação Internacional, o curso é uma forma de repassar aos profissionais locais o conhecimento sobre as principais e mais modernas técnicas de recuperação que podem ser utilizadas na região, além de criar uma metodologia própria, levando em consideração as condições de degradação, solo, clima, tamanho da área e principalmente os custos para a recuperação. “Isso traz benefícios de longo prazo tanto para a conservação quanto para a produção, em uma relação ‘ganha-ganha’. A escolha da metodologia errada é ruim, porque desestimula os produtores e espalha a idéia de que é muito difícil recuperar”, afirma, ao frisar a importância do planejamento no sucesso dos esforços de recuperação de uma dada área.

Campanha APP Lem 100% Legal

Lançada em 29/08/2011, com a participação da Associação dos Irrigantes e Agricultores da Bahia (AIBA), do Sindicato Rural dos Produtores Rurais de LEM e da Associação Baiana de Produtores de Algodão (Abapa), a Campanha ajudará com apoio técnico e científico os produtores rurais e as comunidades tradicionais que voluntariamente queiram restaurar suas áreas degradadas. Depois das visitas aos produtores já cadastrados à Campanha, eles recebem um diagnóstico seguido de uma estratégia recomendada para a intervenção em prol da recuperação de sua área com espécies do Cerrado.

Como forma de suprir a demanda de sementes nativas do Cerrado com as restaurações, a Campanha também mobiliza uma rede de coletores. Além de ser uma forma de geração de renda para os moradores das comunidades tradicionais, a rede também estimula e fortalece a valorização das espécies nativas do Cerrado local, levando à preservação do bioma. Com o foco na educação ambiental, a Campanha promoveu no dia 02/12/2011 a culminância do Festival das Sementes, que reuniu 150 estudantes e 15 professores de duas comunidades agrícolas – Bela Vista e Novo Paraná – de Luis Eduardo Magalhãespara o desenvolvimento de atividades relacionadas à preservação e à recuperação do Cerrado do oeste da Bahia.

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