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Semeadura do trigo exige atenção do produtor



Com a chegada da safra outono-inverno, o produtor de trigo da região de cerrado deve estar atento quanto à determinação da quantidade de sementes por hectare, demandada para o plantio. As recomendações que privilegiam o conhecimento prático em detrimento ao rigor técnico podem acarretar prejuízos, como o mau dimensionamento do número de plantas por metro quadrado a ser atingido na lavoura. Uma quantidade de plantas inferior a ideal leva à diminuição no potencial produtivo da cultura. O estabelecimento da lavoura baseado em critérios empíricos pode levar ainda ao desperdício de sementes. Vale lembrar que este insumo na cultura do trigo irrigado representa 12,5% do custo de produção, percentual superado apenas pelo gastos na aquisição de adubos, os quais representam 14%. A perda de rentabilidade por desperdício de sementes pode ser evitada por meio de dois cálculos simples, que possuem como parâmetros a massa de mil sementes, o vigor ou poder germinativo da semente, o estande de plantas que se pretende alcançar e o espaçamento de plantio. Cabe ressaltar que uma mesma cultivar de trigo pode apresentar diferença na massa de mil sementes, dependendo dos elementos climáticos predominantes no local de plantio e das práticas de manejo da cultura. A fórmula empregada para a determinação da quantidade de semente para plantio é a seguinte: L = 100 x S x E/PG, onde L é o número de sementes por metro, S é o número de sementes por metro quadrado, E é o espaçamento entrelinhas e PG é o poder germinativo da semente. O resultado desse cálculo deve ser empregado na fórmula. D = 1/E x L x M/100, sendo D a densidade de plantio em quilos por hectare e M a massa de mil sementes em gramas. A título de exemplificação, será feito o cálculo para duas cultivares de trigo indicadas para plantio no cerrado: a Embrapa 42 e a BRS 207. Para ambas, será definido um estande de 400 plantas por metro quadrado e um espaçamento entrelinhas de 0,17 metros. A Embrapa 42 apresentou 36,43 gramas de massa de mil sementes e 97% de poder germinativo. Aplicando os dados na primeira fórmula, chega-se ao resultado: 100 x 400 x 0,17/97 = 70 sementes por metro. Na outra fórmula, 1/0,17 x 70 x 36,43/100 = 150 quilos de semente que devem ser plantadas por hectare. Para a BRS 207, a massa de mil sementes foi de 25,03 gramas e o poder germinativo de 94,5%. Adotando-se o mesmo procedimento, obtém-se a recomendação de plantio de 106 quilos de semente por hectare. A diferença entre a densidade de semeadura das duas variedades foi de 44 quilos por hectare. Se a recomendação estimada sem critérios técnicos tivesse sido de 120 quilos por hectare, a quantidade de sementes para a Embrapa 42 estaria subestimada em 30 quilos por hectare e a BR S 207, superestimada em 14 quilos por hectare. No caso da primeira, o potencial produtivo da lavoura estaria comprometido, em razão do baixo estande de plantas. Para a segunda variedade, o desperdício de sementes traria um gasto de R$ 16,80 reais, considerando-se o preço do quilo da semente a R$ 1,20 reais. Se levar-se em conta uma lavoura de tamanho médio, 100 hectares, a despesa adicional ao custo de produção é de R$ 1.680 reais. Para maior êxito na semeadura, também devem ser considerados por técnicos e produtores o sistema de plantio (convencional ou direto), a fertilidade do solo e a necessidade hídrica da planta. Abelardo Díaz Cánovas Pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão

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