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Setembro tem influência do La Niña

Regime de chuvas e temperaturas serão influenciados pelo fenômeno


Foto: Pixabay

Este mês de setembro de 2022 será mais um grande desafio para o setor produtivo do Brasil. Um dos fatores é a persistência do fenômeno La Niña e seus impactos no regime das chuvas e temperaturas sobre o país. Apesar disso, é em setembro que historicamente os volumes de chuvas começam a aumentar, mudando o padrão de inverno com a entrada da primavera. 

Monitoramento

•  Agosto teve chuvas dentro da média em quase todo o país. Na faixa entre o MT e SC as chuvas foram mais representativas. 

• De acordo com a média histórica de setembro, as chuvas são mais recorrentes sobre a região sul e metade oeste da região norte. 

• Ainda sobre a média de setembro, as chuvas começam a retornar para o cerrado Brasileiro no final do período.

• As condições oceânicas indicam a presença do evento de La Niña (77% chances) entre setembro-novembro.

•  O padrão de neutralidade pode retornar no trimestre janeiro-março com 52% de chances.

•  Setembro será mais quente no cerrado e pode impactar o estabelecimento das culturas.

•  O mês pode ser mais frio sobre a região norte e nordeste.

•  As temperaturas ficam dentro da média no cone sul.

•  Setembro terá chuvas abaixo da média no cone sul, padrão esperado em períodos de La Niña.

•  O mês pode ser inteiramente seco em algumas áreas produtoras do cerrado.

• Chuvas devem ficar acima da média na faixa leste do nordeste e extremo norte do território nacional.

Durante o mês de agosto, podemos dizer que as chuvas ficaram dentro daquilo que seria esperado para o período, de acordo com o conjunto de dados disponibilizados pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE).

A passagem de algumas frente frias trouxeram chuvas positivas na faixa que se estende desde o oeste do Mato Grosso até o leste de Santa Catarina. Porém, as chuvas foram mais frequentes sobre os estados da região sul. Mantendo uma boa quantidade de água disponível no solo sobre o Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina. 

Na maioria dos estados brasileiros, as chuvas ficaram dentro da média para o período. Contudo, agosto é historicamente marcado por baixos volumes de chuvas. 

CLIMATOLOGIA

É no mês de setembro que o padrão de inverno migra para o fim com a entrada da primavera. Desta forma, as instabilidades se tornam mais recorrentes sobre a região sul e aumentam sobre a metade oeste da região norte. 

Os volumes começam a subir nas áreas ao sul do Mato Grosso do Sul e sul de São Paulo, com médias entre os 100 e 140 mm, de todos os meses de setembro entre 1991 a 2020. 

No cerrado Brasileiro, também apresenta um aumento nos volumes de chuva em relação aos meses de Julho e Agosto. Essas chuvas geralmente vêm no final do mês e na forma de pancadas isoladas. 

Por outro lado, setembro ainda é um período seco sobre grande parte da região nordeste, sobretudo na parcela central e norte da região.


CONDIÇÕES OCEÂNICAS 

As condições do oceano pacifico equatorial ainda indicam a presença de La Niña (águas mais frias), e de acordo com a previsão probabilística realizada pelo Instituto Internacional de Pesquisa para o Clima e Sociedade (IRI). A continuação do evento La Niña tem probabilidade moderada (77% de chance) durante setembro-novembro de 2022, continuando na primavera e início do verão com 73-56% de probabilidade, com as condições de neutralidade retornando possivelmente entre janeiro e março de 2023 (52% de chance). 

Essa previsão indica um terceiro ano consecutivo sob a influência do fenômeno. Sendo que esta condição é rara. Ocorreu apenas três vezes desde que o índice Índice Niño Oceânico (ONI) começou a ser monitorado em 1950. Os anos com esta condição foram 1956-59, 1975-78 e 2000-03. 

OUTROS FATORES

A oscilação Madden-Julian terá uma influência negativa em relação ao regisme de chuvas ao longo das próximas semanas. Apesar disso existe uma pequena sinalização para o favorecimento das instabilidades entre 10 a 20 de Setembro, mas que não terão impactos significativos sobre o território nacional.

As água mais quentes sobre a costa norte do Brasil, poderão contribuir com algumas chuvas mais expressivas sobre o extremo norte do país. Contudo, a anomalia das temperaturas sobre a costa da região sul, apresenta temperaturas mais baixas. O que, consequentemente, pode diminuir a produção de umidade e assim reduzir o padrão das chuvas, sobretudo na costa da região.

PREVISÃO DE TEMPERATURA 

A maioria das projeções indicam temperaturas acima da média, particularmente sobre a região central do Brasil. Isso pode ser o reflexo de um setembro mais seco e com a maior presença do sol sobre essa região. 

Por outro lado, há divergências em relação às temperaturas na região Sul, onde 8 projeções mostram temperaturas abaixo da média e 8 mostram temperaturas acima da média. Deste modo, as condições sugerem uma padrão de temperaturas dentro da média histórica.

Situação semelhante ocorre sobre o nordeste do Brasil, entretanto com o maior número de projeções indicando temperaturas acima da média histórica. Por outro lado, praticamente um consenso entre as simulações apresenta temperaturas abaixo da média sobre a faixa norte do Brasil. 

Em relação ao agro, um dos principais fatores limitantes para o estabelecimento das culturas, é a temperatura. No caso da soja, temperaturas acima de 40°C têm efeitos adversos na taxa de crescimento, provocando danos à floração e diminuindo a capacidade de retenção de vagens. Esses problemas acentuam-se drasticamente com a ocorrência, concomitante, de altas temperaturas e déficits hídricos.

Mosaico de projeções do Agrotempo para o mês de Agosto. Áreas em azul indicam temperaturas abaixo da média. Áreas em laranja representam temperaturas acima da média.

PREVISÃO DE CHUVAS

A previsão segue com um padrão de chuvas abaixo da média no cone sul do Brasil, típico de períodos com La Niña. Sendo que a maioria das projeções convergem para este resultado. 

A tendência é de que os volumes esperados para a parcela central do Brasil fiquem dentro daquilo que seria esperado para o mês. Contudo, nas simulações individuais, temos uma sinalização para um setembro totalmente seco em algumas áreas do Mato Grosso e Goiás. 

Já no extremo norte do Brasil e leste do nordeste, as projeções mostram uma forte concordância em relação às chuvas acima daquilo que seria esperado para o mês. Contudo, as águas não conseguem avançar pelo interior dessas duas regiões, mantendo setembro com as chuvas dentro da média histórica.

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