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Setor agrícola pede definição para os OGMs


O Brasil cometeu duas grandes falhas no diz respeito aos transgênicos na opinião de Marcos Jank, engenheiro agrônomo e presidente do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais. Segundo ele, o primeiro erro foi cometido por parte do governo, que não criou políticas regulatórias no momento em que foi necessário. "Em 1998, quando foi criada a CTNBio, havia conflito interno dentro do governo que fez com que o assunto fosse empurrado até agora, praticamente obrigando o atual governo a liberar a soja transgênica do Rio Grande do Sul."

O segundo grande erro, segundo o economista, foi das empresas envolvidas em pesquisas do setor, que não souberam comunicar aos consumidores o que realmente são os organismos geneticamente modificados (OGMs), provocando a atual rejeição por parte de alguns setores. "Acreditavam que o problema era apenas agrícola e não do consumidor. Por conta dessas falhas vamos ter que rotular, certificar e rastrear os transgênicos."

A alegação dos ONGs de que os alimentos geneticamente modificados são os responsáveis pela queda de produtividade dos EUA e que o aumento das exportações brasileiras seriam motivos suficientes para manter a proibição do cultivo, não pode ser levada em consideração, diz o agrônomo e diretor da Agroconsult, André Pessôa. "A queda da competitividade dos Estados Unidos não é resultado do cultivo de transgênicos, mas sim da política agrícola adotada no país", afirma Pessôa.

Segundo o consultor, um motivo que comprova essa tese é que o desempenho da Argentina em comparação ao Brasil é muito semelhante. Pessôa informa que de 1996, ano em que os transgênicos começaram a aparecer no mundo, a produção de soja na Argentina era de 11 milhões de toneladas e saltou para 35 milhões no ano passado, uma elevação de 218% no período. Já o Brasil elevou de 23 milhões de toneladas para 50 milhões de toneladas sua produção de soja, alta de 117%. De outro lado, o desempenho americano foi comprometido pela política de subsídios e só subiu 13,8% de 1996 a 2002, passando de 65 milhões para 74 milhões de toneladas.

Vendas estáveis

As exportações de soja dos Estados Unidos entre 1996 e 2002 não sofreram alteração e se mantiveram estáveis em 26 milhões de toneladas. Já os embarques brasileiros tiveram crescimento expressivo, saltando de 4 milhões para 21 milhões de toneladas no mesmo período. Tais dados poderiam ser atribuídos ao fato de os produtores norte-americanos utilizarem quase que 100% de sementes transgênicas nas lavouras, enquanto no Brasil a prática é proibida, se não fosse o desempenho da Argentina, que também cultiva soja transgênica.

"A produtividade americana está estagnada. Além disso, a desvalorização cambial favoreceu muito as exportações brasileiras, o que incentivou a produção. Outro ponto importante é que o Brasil investiu em tecnologia, com destaque ao Moderfrota, o que também melhora sua produtividade", diz Pessôa.

Segundo o consultor, as exportações de soja da Argentina passaram de 2 milhões de toneladas em 1996 para 9 milhões de toneladas em 2002, desempenho tão expressivo quanto ao do Brasil no mesmo período. "Isso significa que tanto a soja transgênica quanto a convencional tem o mesmo grau de competitividade", afirma Pessôa.

Segundo Pessôa, o fato de ser proibido o cultivo comercial de produtos geneticamente modificados no Brasil significa que o governo brasileiro está privando os produtores de uma tecnologia que poderia reduzir custos além de não oferecer vantagens.

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