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Setor algodoeiro de MT vive pânico com queda dos preços


O setor algodoeiro de Mato Grosso está em pânico. Custos elevados de produção, preços em queda e falta de crédito para a próxima safra colocam o setor em xeque no momento em que os produtores se preparam para a colheita, com quebra de produção prevista de 30% em relação a 2008.

O desânimo tomou conta dos cotonicultores depois das sucessivas quedas nas cotações. Segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP, os preços da fibra no mercado interno tem registrado os menores patamares em termos reais da série iniciada em junho de 1996, cujos valores são deflacionados pelo IGP-DI de fevereiro/09. Em termos nominais, o indicador é o menor desde dezembro de 2005. “Vivemos um momento de extrema insegurança e não sabemos para quem vender nosso produto. Os compradores estão refugando até mesmo o recebimento da produção já vendida porque não há preços”, disse o vice-presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Carlos Augustin.

Segundo ele, o mercado nos últimos meses despencou. “O mercado interno está horrível. Até mesmo os negócios feitos não estão sendo cumpridos”. A colheita está prevista para iniciar em junho, mas existe estoque remanescente da safra anterior.

Os preços estão abaixo dos valores mínimos fixados pela Conab (R$ 44,60/arroba) e os produtores temem que com a chegada da safra a cotação despenque ainda mais, forçando uma nova queda da área de plantio no próximo ano.

“O algodão para a próxima safra está praticamente inviabilizado tendo como referência os preços atuais”, alertou o produtor Sérgio De Marco. Para ele, os preços não chegam a pagar nem os custos de produção. “Temos hoje um custo estimado de R$ 5 mil por hectare. Pelos preços mínimos conseguimos uma rentabilidade de R$ 4 mil, portanto já estamos no prejuízo”.

Levantamento da Esalq/USP apontam que entre 17 e 24 de março, o preço do algodão em pluma segundo esse indicador teve queda de 1%, fechando a R$ 1,1163 a libra peso, diz o Cepea. No acumulado do mês (até o dia 24) o Indicador já caiu 3,14%. De acordo com pesquisas do Cepea, os preços continuam recuando por conta da baixa demanda e da oferta por parte de produtores que necessitam "fazer caixa".

EXPORTAÇÕES - Segundo a Secex, em janeiro, as exportações da pluma totalizaram 46,2 mil toneladas, 22,9% a menos que em dezembro e queda de 11,7% sobre mesmo período do ano passado. Em fevereiro, 44,2 mil toneladas da pluma foram embarcadas, volume 4,3% inferior ao de janeiro/09, mas 20,7% superior ao de fevereiro/08.

EQUALIZAÇÃO – Com a cotação em baixa, os produtores apostam nos leilões da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) como forma de minimizar as perdas do produto no mercado interno. Os cotonicultores defendem ainda a “equalização” do passivo dos produtores inadimplentes e mais recursos para o Pepro (Prêmio de Equalização pago ao Produtor) para dar sustentabilidade ao setor frente à queda dos preços no mercado.

O objetivo dos leilões é estimular a comercialização e o escoamento do algodão em pluma. Podem participar da operação produtores rurais e cooperativas localizados no estado de origem do lote a ser arrematado.

Na avaliação dos produtores, a principal vantagem do mecanismo, que tem como objetivo nivelar o preço mínimo com o preço de mercado, é o pagamento direto do governo federal ao agricultor ou cooperativa. Antes, o benefício era repassado aos compradores da matéria-prima.

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