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Setor industrial comemora recuperação agropecuária em MG

As perspectivas do agronegócio mineiro já estão se transformando em resultados positivos nas agroindústrias do Estado


As perspectivas do agronegócio mineiro já estão se transformando em resultados positivos nas agroindústrias do Estado. Puxadas pelas culturas da cana-de-açúcar, soja, milho e café, além das produções de leite e carnes, as vendas dos fabricantes de fertilizantes, sementes, produtos veterinários, rações e arames ao setor agropecuário iniciaram o ano em alta. Diante do otimismo dos produtores, as empresas esperam retomar os patamares de 2004.

Nos últimos três anos, a agroindústria vem aguardando a retomada do crescimento da produção agropecuária em Minas. Apesar de os índices ainda serem prematuros, as empresas já comemoram o aquecimento observado neste início de ano. A unidade de rações da Itambé, maior fabricante de laticínios com capital nacional do país, projetou vendas 10% maiores para janeiro. A ousadia deu resultado, e as vendas cresceram 11%, ante dezembro. Se compararmos com janeiro do ano passado, o crescimento chega a 40%”, comemora Rogério Maia, gerente da unidade de rações da Itambé, localizada em Contagem (MG).

Mesmo com o forte incremento nas vendas no início do ano, o gerente da Itambé projeta a manutenção dos resultados para os próximos meses, principalmente diante do desempenho das culturas de milho e soja, além da produção de leite. O preço do leite vem se recuperando no mercado interno, e no mercado externo, a demanda pelo leite em pó também está aquecida. E 90% das nossas vendas são destinadas ao mercado da produção de leite”, revela.

Além da recuperação do preço do leite, o arroba da carne também passa por um processo de elevação, já que a oferta do produto ficou comprometida, nos últimos anos, com a alta dos custos. Com a retomada dos investimentos na carne bovina e com o surgimento de um foco de aftosa na fronteira da Bolívia com o Mato Grosso do Sul, a Vallée, indústria de saúde animal instalada em Montes Claros, no Norte de Minas, espera elevar suas vendas em 25% no primeiro semestre, na comparação com o mesmo período do ano passado. Com a recuperação da arroba do boi, já percebemos uma demanda maior por nossos produtos. E o desempenho das outras carnes também deve melhorar. Os produtores destes setores vinham enfrentando dificuldades e, agora, estão melhor”, garante Lincoln Gonçalves Fernandes, presidente do Conselho Administrativo da Vallée.

Com o fortalecimento do agronegócio nacional, Nadim Abdanur Júnior, gerente industrial do Complexo de Mineração da Fosfértil, instalado no município de Tapira, região do Alto Paranaíba mineiro, acredita que o país pode reduzir a quantidade de fertilizantes fosfatados e nitrogenados que são importados a cada ano. Hoje, cerca de 64% das vendas de fertilizantes nitrogenados e 43% de fosfatados no Brasil são importados. As perspectivas são boas para o primeiro semestre. E se o setor trabalhar direito, essa retomada pode durar o ano inteiro”, acredita.

Apesar de os reflexos positivos do agronegócio ainda não terem chegado com maior impacto na empresa, Gustavo Nogueira, gerente geral da Belgo Bekaert Arames, localizada em Contagem, acredita no otimismo que vem sendo propagado pelo setor. Tanto que a fabricante de arames deve encerrar o primeiro semestre com vendas 3% maiores, na comparação com os primeiros seis meses de 2006. Ainda não vamos voltar aos patamares de 2004. Porém, essa retomada já nos deixa otimistas. Afinal, a intenção de compra é grande”, diz Nogueira.

De acordo com Pierre dos Santos Vilela, assessor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), o agronegócio mineiro vem apresentando sinais positivos e deve se manter assim durante os próximos meses. Segundo o economista da Faemg, apesar de as projeções ainda não estarem fechadas, o otimismo é verificado no discurso do produtor. Os preços de algumas culturas estão se recuperando. E isso anima o produtor a ampliar a área de plantio. Com isso, toda a cadeia sai beneficiada”, completa.

Agroenergia terá R$ 50 mi

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vai investir, nos próximos cinco anos, R$ 50 milhões em pesquisa na área de agroenergia. A afirmação foi feita ontem pelo presidente da instituição, Sílvio Crestana, durante a reunião do Conselho do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), transmitida on line pela Internet.

Segundo Crestana, a Embrapa vai contratar 20 pesquisadores com pós-doutorado para atuar no Centro de Pesquisa em Agroenergia da Embrapa, com sede em Brasília. A empresa também irá criar cinco centros de pesquisa regionais para fazer estudos levando-se em conta os biomas locais.

Crestana reconhece que os recursos disponíveis são baixos, considerando-se o US$ 1,6 bilhão que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) deve investir em pesquisa na área de agroenergia, mas ressalta que a participação da iniciativa privada pode dobrar os R$ 10 milhões que serão alocados para os investimentos no Brasil. ‘A Embrapa está fazendo a lição de casa‘, diz ele.

O conselho discute as sugestões feitas por Crestana para dar início aos estudos para a criação de uma Empresa de Propósito Específico (EPE). Roberto Rodrigues, que preside o Conselho da Fiesp, disse que, até a próxima quinta-feira (15-02), o Ministério da Agricultura, a Embrapa e a Fiesp devem indicar os nomes dos técnicos que participarão de um grupo de estudo para viabilizar a criação da EPE, que será uma parceria entre o Governo e a iniciativa privada.

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