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Sistema FAEP/SENAR-PR abre novas vagas para curso de seguro agrícola

Produtores, colaboradores de sindicatos e técnicos podem se inscrever em uma das sete turmas de janeiro, fevereiro e março


Foto: Divulgação

Em um ano como 2020, que trouxe novos desafios para a produção e a comercialização das carnes, o levantamento dos custos de produção da suinocultura, realizado pela o Sistema FAEP/SENAR-PR, tem importância adicional. Ao dimensionar o impacto destas mudanças na atividade produtiva, é possível descobrir oportunidades, vislumbrar o que pode vir pela frente, ou, ao menos, não perder dinheiro pela falta de informação. 

“Foi um ano bem atípico, mas, no geral, um ano bom para a suinocultura. Apesar dos custos subindo bastante, o preço [do suíno] acompanhou. O suinocultor vinha bastante descapitalizado. Agora, com esse aumento de receita, esse ganho a mais, o suinocultor vai colocar sua situação financeira em ordem. A grande maioria está fazendo contas, pois vinha de um déficit muito grande na atividade. Esse ano, esses produtores conseguiram amenizar seus compromissos financeiros”, avalia Reny Gerardi, presidente da Comissão Técnica da Suinocultura da FAEP. 

A rigor, o levantamento de 2020 repete um fato observado em 2019: os produtores independentes melhor aproveitam o bom momento da suinocultura no mercado. Vale lembrar que há dois tipos de relação de produção: produtor no regime de integração (comodato) desenvolve a atividade em parceria com uma agroindústria, que arca com os custos de alimentação e medicamentos, além de garantir a compra da produção por um preço estipulado previamente; e o independente, que desenvolve a atividade por conta, sendo responsável por arcar com os custos da ração, da aquisição de matrizes, e comercializa a produção diretamente no mercado. 

Os dados do levantamento mostraram que os produtores independentes conseguiram, neste ano, cobrir seus “Custos Totais” e aumentar a receita, mesmo diante dos altos preços do milho e da soja, principais insumos da alimentação animal. Do lado dos integrados, a situação não é tão vantajosa. A remuneração paga pelas agroindústrias cobre, quando muito, os “Custos Variáveis” da atividade. Sem recursos para reinvestir, a tendência é que, no médio prazo, esses últimos produtores deixem a atividade. 

“Em linhas gerais, o levantamento mostrou que o mercado está bom para os suinocultores independentes, apesar da preocupação com o custo dos grãos para alimentação. No momento, o preço pago pelo suíno está cobrindo esse custo. Dentro da integração, vemos que o aumento no valor praticado no mercado não foi repassado para o valor remunerado dos integrados, da mesma forma que o aumento no custo dos insumos também não impactou as contas desses produtores”, avalia Nicolle Wilsek, técnica do Sistema FAEP/SENAR-PR e responsável por acompanhar a cadeia da suinocultura. “Porém, um fator que impacta fortemente o custo de todos os produtores, independentemente do modelo de produção, são os encargos trabalhistas (salário, insalubridade, EPIs, etc.), agrupamos na denominação ‘Mão de Obra’”, complementa. 

Essa também foi a percepção do suinocultor Elói Favero, que desenvolve a atividade no município de Marechal Cândido Rondon, na região Oeste. “Houve um aumento significativo nos [preços] dos insumos e nos custos de instalação de equipamentos. Mas, o custo que mais impactou na minha atividade foi a mão de obra”, afirmou. 

De fato, quando analisados os números dos “Custos Variáveis” nas diversas modalidades de produção, é possível observar que a participação do item “Mão de Obra” tem participação significativa na integração, enquanto que no sistema independente, a alimentação teve maior peso. 

“Em 2020, tivemos uma situação de alto custo de produção, principalmente em função do alto custo do milho e da soja a partir do segundo semestre do ano, por conta da escassez do produto no mercado. O milho está num preço muito bom para o agricultor, porém proibitivo para o produtor de proteína animal. O mesmo vale para a soja”, avalia o suinocultor Wienfried Matthias Leh, que atua em Guarapuava e Pinhão (região Centro-Sul). 

Atuando de forma independente com um total de 3,6 mil matrizes, Leh observa que os bons preços do suíno se deram em função do câmbio valorizado e das exportações aquecidas. “Conseguimos realizar um bom preço. Neste momento boa parte dos produtores está num ponto de equilíbrio em relação ao custo e ao preço do quilo produzido”, observa, referindo-se à rentabilidade da atividade. 

A partir de janeiro de 2021, mais produtores rurais, colaboradores de sindicatos rurais e técnicos da área poderão participar do curso “Seguro Agrícola para Grãos”, promovido pelo Sistema FAEP/SENAR-PR. A formação, em um formato inédito e gratuito, apresenta, em detalhes, a ferramenta de gestão de riscos na agropecuária. Na última semana de outubro e na primeira de novembro, as duas primeiras turmas, num total de 60 pessoas, concluíram a capacitação.

“Por ser um tema de interesse dos produtores rurais e demais profissionais do setor, o curso tem sido um sucesso, com ótima procura. Nossa programação é realizar 15 turmas, pois sabemos que essa ferramenta é essencial para a agropecuária do Paraná”, destaca o presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette.

As aulas da primeira turma de 2021 vão começar no dia 12 de janeiro. Outras duas turmas serão realizadas no mesmo mês. As demais estão distribuídas entre fevereiro e março. As inscrições podem ser feitas no site do Sistema FAEP/SENAR-PR (www.sistemafaep.org.br).

Por meio da capacitação, o Sistema FAEP/SENAR-PR reforça o trabalho de disseminação do seguro rural, em consonância com a política agrícola do governo federal. Historicamente, o Paraná é o Estado que mais contrata seguro rural no país. De acordo com dados do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), os produtores paranaenses respondem por mais de 30% das apólices ao longo do histórico do programa, sendo a soja a cultura mais segurada.

Programação

O curso é dividido em três módulos, com a participação de especialistas. O primeiro módulo conduzido por Gilson Martins, coordenador do Centro de Economia Aplicada, Cooperação e Inovação no Agronegócio (CEA) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), aborda conceitos de gestão de risco; detalhes do PSR, do governo federal e do governo do Paraná; e Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc).

O segundo módulo é com o consultor e especialista em seguro rural, Luiz Antonio Digiovani, que detalha as moServiço “Curso: Seguro Agrícola para Grãos” Carga horária: 6 horas Modalidade: online e gratuito Público-alvo: produtores e sindicatos rurais Inscrições: bit.ly/cursoseguroagricola Mais informações: (41) 2169-7923 dalidades de seguro rural ofertadas pelo mercado e os tipos de cobertura de cada uma. Além disso, os participantes vão aprender como são feitos os cálculos que embasam os contratos de seguro.

A última etapa é conduzida por Odair Machado, sócio-proprietário da empresa de regulação agrícola e rural Agrotrust Perícias. Em seu módulo, o especialista fala sobre pontos de atenção nos contratos em que os produtores devem ficar de olho, além de explicar como é realizada uma perícia e como funciona o prêmio ao seguro rural.

Energia elétrica e sustentabilidade

Ao conceder um desconto para a energia consumida à noite e na madrugada, a Tarifa Rural Noturna estimula que os produtores rurais adaptem sua produção para este período. O avicultor Diogo Sezar de Mattia, por exemplo, conduz seus nove aviários no sistema dark-house. Na prática, os galpões ficam no escuro total durante o dia e permanecem com as luzes acesas no período noturno, fazendo com que as aves troquem o dia pela noite. Assim, o consumo maior de energia se concentra durante a madrugada, quando a rede está ociosa.

“A gente gasta menos energia durante o dia, enquanto as aves estão dormindo. À noite, quando elas estão acordadas, ligamos os ventiladores, lâmpadas e todos os sistemas de climatização. Direcionamos o consumo para a noite. Por um lado, a gente economiza. Por outro, estamos consumindo energia quando a rede elétrica está sem uso”, conta avicultor.

Mattia já pensa em continuar produzindo de forma sustentável. O recém-aprovado projeto de lei 657/20 – o mesmo que garantiu a continuidade da TRN – instituiu o Programa Paraná Energia Rural Renovável. Esta iniciativa visa estimular a geração e distribuição de energias, como a solar, o biogás e o biometano, em propriedades rurais. A ideia do governo é que o programa disponibilize linhas de financiamento com taxas especiais e oferte incentivos tributários para a implantação de sistemas de energias limpas.

Com o novo programa, a ideia de Mattia é instalar painéis de energia solar em todos os seus aviários até o fim de 2022. Quando implantou seu nono barracão, em 2019, ele chegou a fazer orçamentos para instalar painéis fotovoltaicos em seu complexo – na ocasião, o investimento estimado era de R$ 600 mil. Agora, ele espera que o projeto do governo o ajude a tirar a ideia do papel.

“Vamos torcer para que em 2021 saiam, realmente, essas linhas de financiamento em energias renováveis. É uma iniciativa que pode baratear custos não só na avicultura, mas em diversas outras cadeias. Com payback [tempo em que a economia gerada cobre os investimentos] de cinco anos, fica viável investir”, diz Mattia. “Mas o produtor precisa ter garantias. O receio é que o governo ou a Copel venham com uma normativa, taxando a geração e distribuição na energia solar. Precisamos de segurança para investir”, acrescenta.

Mattia não é o único. O presidente da Comissão Técnica de Avicultura da FAEP, Carlos Bonfim, aponta que diversos produtores vêm fazendo orçamentos e estudos para converter sua matriz energética para fontes renováveis. Ele, mesmo, já se prepara para essa nova realidade no campo. “A energia solar é uma saída para nós. Primeiro, porque é uma energia limpa e, por meio dela, conseguimos ter uma diminuição permanente dos custos de produção. Ainda não são muitos produtores que aderiram, mas muitos estão avaliando e devem entrar nessa, com certeza, nos próximos anos”, diz Bonfim.

Nesse sentido, o presidente da CT vê com bons olhos a estratégia do governo de lançar um programa que estimule adoção de fontes renováveis de energia no campo. “A saída é baratear o custo de implantação, porque os materiais são importados e ainda requerem um investimento grande. Mas um programa como esse é o que o setor mais aguarda. Porque a energia limpa representa independência para o produtor rural”, avaliou.

Em março deste ano, o Departamento Técnico Econômico (DTE) da FAEP elaborou um estudo da viabilidade de implantação de energia solar em propriedades rurais no Estado. Os técnicos analisaram diferentes cenários em duas atividades: a avicultura e a bovinocultura de leite. Em ambos os casos, o levantamento demonstrou que a instalação de painéis é vantajosa no médio prazo.

Para a avicultura, foi considerado um estabelecimento com dois galpões de 2,5 mil m² e capacidade de alojamento para 66,5 mil aves. Neste empreendimento, a fatura de energia giraria em torno de R$ 8,3 mil e consumo de 21,2 mil kWh (considerando a tarifa de R$ 0,39 por kWh consumido). Nesse caso, de acordo com a simulação realizada pelos técnicos, o tempo de retorno do investimento de R$ 1 milhão é de sete anos. Como a durabilidade do equipamento é estimada em 25 anos, o produtor teria energia quase de graça por 18 anos.

No caso da bovinocultura leiteira, o modelo utilizado no cálculo é o de uma propriedade com 74 animais, sendo 60 em lactação, e um consumo médio de 3.050 kWh – o que daria uma conta de energia de R$ 1,2 mil por mês. Neste caso, o tempo de retorno seria menor: de apenas cinco anos. Com isso, as perspectivas são de que o produtor tenha 20 anos de energia, a custo perto do zero.

“Nós sempre apoiamos a adoção de fontes de energias renováveis, tanto que sempre apresentamos estudos para estimular nossos produtores. Mas defendíamos um período de garantias, em que o produtor possa ser beneficiado pela TRN, enquanto faz a migração para outras fontes”, disse Meneguette.

TRN

O que é: Criado pela Lei 19.812, de 2019, a TRN é um programa estadual que prevê um desconto de 60% na conta da energia elétrica consumida no campo, entre as 21h30 e 6 horas.

Mudanças: O projeto de lei 567/20 garante o desconto até a faixa de consumo de 6 mil kWh/mês unidades consumidoras (antes, o desconto se limitava a 4 mil kWh/mês, por CPF ou CNPJ). Se o consumo ficar acima deste patamar, o desconto não será aplicado sobre o excedente. O governo e os deputados também asseguraram recursos para a manutenção do programa pelos próximos dois anos.

Beneficiados: segundo dados da FAEP, o programa beneficia cerca de 77,5 mil produtores. Atividades mais impactadas: Avicultura, suinocultura, bovinoculturas de leite e de corte, fumicultura, aquicultura e sericicultura, que tem na energia elétrica um dos principais insumos. Juntas, elas respondem por mais de 20% das exportações do agronegócio paranaense.

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