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Soja mais cara “barateia” o óleo de girassol


Produção mato-grossense dá competitividade ao alimento especial; no Paraná, ataque de pássaros torna alternativa arriscada

O óleo de soja, o mais consumido no Brasil, passou de R$ 3,00 (frasco de 900 mililitros) e não voltou mais às cotações antigas mesmo depois de confirmada safra recorde de mais de 80 milhões de toneladas. O novo patamar de preço reduziu a diferença que havia entre o valor do alimento e o dos óleos especiais, como o de girassol, que ganha mercado em ano de aumento na produção.


O principal motivo das últimas altas do óleo de soja foi a quebra de safra de 2011/12, que atingiu os Estados Unidos e a América do Sul. Os valores devem se sustentar acima das médias históricas pelo menos até o fim do ano, avalia Marco Roberto Alarcon, gerente comercial de varejo da Cocamar, cooperativa agroindustrial paranaense que processa óleos vegetais.

“Apesar da boa safra, os estoques mundiais ainda não estão em equilíbrio. Precisamos aguardar a colheita norte-americana, que começa em setembro”. O consumidor pode ter de esperar até 2012 por reduções nos supermercados.

Com esse cenário, os óleos de milho, canola e girassol ficaram mais competitivos. Esses produtos têm correlação com o preço do óleo de soja, mas dependem primeiramente da oferta. Há tendência de queda no óleo de milho, que está registrando safra recorde no inverno, e também no de girassol.

Apesar de o Brasil não ser autossuficiente na produção de girassol, o cultivo tem ajudado a reduzir preços. A produção nacional cresceu 20% nos últimos dez anos, para 100 mil toneladas por verão. “Uma maior produção significa menos importações”, aponta Alarcon.

Mesmo com solo e clima bons para o girassol, o Paraná – segundo maior produtor nacional de grãos – não se destaca nesta cultura. Cultiva menos de mil hectares, enquanto a safra nacional ocupa 70 mil hectares. As lavouras concentram-se em Mato Grosso (40 mil ha) e Goiás (14 mil ha).


Entre os fatores que levam o estado a deixar o girassol de lado estão a falta de incentivo por parte da indústria e problemas de ordem fitossanitária. O interesse da indústria diminuiu na década de 90, aponta o agrônomo da Emater Antoninho Maurina.

“Quando o produtor ofertava o girassol, as indústrias não tinham interesse”. Hoje existe um mercado abrangente, mas os ataques de pássaros às lavouras fazem com que haja uma grande queda na produção no Paraná, aponta.

A pesquisadora Regina Villas Bôas Campos Leite, da Embrapa Soja, afirma que há conhecimento tecnológico para aumentar a produção paranaense, mas sem o controle biológico dos pássaros, o cenário não deve mudar no curto prazo. “Quando o girassol está no ponto de colheita, há o ataque de pássaros, que faz a produtividade cair drasticamente. Sem um controle biológico dos pássaros, a cultura continuará incipiente no Paraná”, comenta.

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