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Soja na Sibéria é possível?

Se for, pode gerar concorrência ao Brasil


Foto: Marcel Oliveira

Quando se pensa no território siberiano da Rússia, a imagem de uma tundra congelada e coberta de neve vem à mente. No entanto, em 2020, a Sibéria registrou sua primavera e verão mais quentes já registrados, com temperaturas atingindo 37ºC  em 19 de junho. 

A Rússia, um país que se transformou de um importador líquido de grãos há 30 anos para o maior exportador de trigo do mundo nos últimos anos, deve ganhar uma quantidade considerável de terras aráveis se essa tendência de aquecimento na Sibéria continuar. 

Algumas projeções mostram que o aquecimento pode aumentar as terras adequadas para o trigo da Rússia em até 4,3 milhões de quilômetros quadrados nas regiões do norte. Isso pode significar mais trigo disponível no mercado global, mas pressupõe que a Rússia será um exportador consistente de grãos em tempos bons e ruins. O país tem um histórico irregular a esse respeito, já que é conhecido por limitar as exportações não só quando os estoques domésticos são baixos, mas também para alavancagem política. 

Ainda mais intrigante e difícil de entender do que a perspectiva de expansão da área plantada com trigo é o potencial da Rússia para aumentar sua produção de soja com o aumento da área plantada nas vastas planícies do norte da Rússia. 

A China, travada em uma guerra comercial com os Estados Unidos, tradicionalmente seu maior fornecedor de soja, já comprou terras no leste da Rússia para plantar e colher soja. Quase 400.000 hectares de terra na Rússia são alugados ou de propriedade de empresas com capital chinês, de acordo com cálculos da BBC Russian. 

No curto prazo, a Rússia não será uma ameaça aos produtores de soja dos Estados Unidos e do Brasil em termos de participação no mercado chinês. A qualidade da soja e os problemas logísticos atualmente impedem a Rússia de capturar qualquer coisa, exceto uma pequena fatia do mercado chinês. Mas se a tendência de aquecimento continuar e mais hectares forem disponibilizados na Sibéria, isso pode inclinar a balança para mais investimentos em agronomia e logística naquela região, o que com o tempo poderia tornar a Rússia um fornecedor atraente para a vizinha China. 

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