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Soja recupera espaço em MT e deve crescer 8%

Mato-grossenses aumentam em 242% as compras de insumos e lideram aquisições


A safra 07/08 de soja em Mato Grosso promete marcar um novo ciclo na produção estadual: o da recuperação, tanto dos preços quanto da rentabilidade e, principalmente, da área plantada. Na primeira sondagem da Agência Rural Commodities Agrícolas, divulgada ontem, a oleaginosa deve avançar em 8% em relação à safra passada, ficando 1% acima da previsão de crescimento da cultura no país e somará 17,16 milhões de toneladas (t), 9% superior à atual temporada.

Considerando o percentual, a soja passará dos atuais 5,28 milhões de hectares (ha) para 5,72 milhões/ha. Os números deverão ser confirmados a partir de setembro, quando as primeiras sementes começam a ser cultivadas no médio norte mato-grossense. Já a média nacional aponta para um incremento de área de 7%.

Mas de antemão, antes mesmo do reinício dos trabalhos no campo, o volume de vendas de insumos confirma o tamanho do apetite do sojicultor mato-grossense. Do começo do ano até agora, Mato Grosso registra um salto de 242% em relação ao volume de compras de fertilizantes registrado no ano passado. De um total de 9,4 milhões de toneladas negociados no país neste primeiro semestre, 1,9 milhão veio para o Estado.

A explicação para retomada do espaço perdido nos últimos dois anos está calcada na melhora dos preços internacionais. “Este novo cenário, aliado à renegociação das dívidas acumuladas nas safras passadas e a sensação de que o pior já passou, devem fazer a soja brasileira – de modo geral - recuperar no ciclo 07/08 a área perdida na temporada anterior. Vale lembrar que isso se dará em proporções diferentes no país, pois os problemas de valorização cambial ainda persistem”, diz o relatório da AgRural.

As vendas de fertilizantes no Brasil são consideradas pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) recorde para o período: é 62% superior ao registrado nos seis primeiros meses de 2006, quando a crise no campo fez os agricultores adiarem ao máximo a compra de insumos. “Mais uma vez Mato Grosso supera a média nacional”, disse ontem por telefone uma fonte do setor de revenda de fertilizantes.

A AgRural observa que mesmo levando-se em conta que o ano passado não é uma boa base de comparação, o número impressiona, pois supera em 16% e 21% o total vendido no mesmo período de 2004 e 2003, respectivamente, os dois melhores anos para o setor no Brasil.

“Embora culturas como milho safrinha e cana-de-açúcar tenham contribuído para o aumento dos negócios, o principal motivo do avanço foi a antecipação das compras para o plantio da safra de verão, mais especificamente a soja”, diz o levantamento.

Outro fator que contribuiu para os ganhos antecipados do setor de fertilizantes é justamente a realidade que move a expansão da área no país, a alta das cotações dos grãos, mas que ao mesmo tempo deverá - diante do aumento da demanda mundial – puxar os preços dos fertilizantes em todo o mundo.

“Quem liderou essas compras antecipadas foram os grandes produtores do Mato Grosso. Ao verem a soja chegando a US$ 8 e US$ 9 por bushel, eles imediatamente fixaram preços para o grão e adquiriram os fertilizantes, seja de forma direta, seja por meio de trocas com as tradings, a fim de garantir abastecimento e preço”, afirma o diretor- executivo da Anda, Eduardo Daher.

O temor inspirado pelo aumento contínuo dos preços dos fertilizantes foi mesmo o principal motivo para a antecipação das compras, de acordo com o produtor em Rondonópolis (210 quilômetros ao sul de Cuiabá), e diretor administrativo da Associação dos Produtores de Soja do Estado de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Ricardo Tomczyk.

Segundo ele, as compras de fertilizantes para a safra de verão costumam ganhar força na virada do primeiro para o segundo semestre, mas neste ano já havia produtor comprando em fevereiro. “A alta dos preços assustou o produtor. Quem comprou antes já pagou mais caro, mas não tanto como quem deixou para depois”, afirma.

Segundo levantamento realizado pela Agência Rural em junho, o custo dos fertilizantes usados no Mato Grosso na safra 2007/08 de soja devem ficar 37% acima da média desembolsada no ano passado.

“Este é um ano de algum otimismo, devido à questão da agroenergia e da melhora dos preços dos grãos. Mas ainda há problemas, como pouco crédito e logística deficiente”, afirma Daher. Ainda assim, a expectativa é de que o ano termine com um total vendido de até 23,5 milhões de toneladas de fertilizantes, 3% acima do resultado de 2004 e 12% à frente de 2006.

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