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Soja tem melhor perspectiva para 2003


Com o respaldo do bom desempenho alcançado em 2002, os produtores de soja do País aguardam com entusiasmo a nova safra. Favorecidos pela variação cambial, que influenciou positivamente os preços da commodity, os sojicultores conquistaram um dos melhores resultados de toda a agricultura nacional. Mesmo que a estabilização da cotação do dólar desacelere ou faça cair os preços da oleaginosa, 2003 deve se manter favorável à cultura, acreditam os analistas e produtores.

As razões para o otimismo são variadas, explica o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Regis Alimandro. "A safra dos Estados Unidos será menor, as produções de carnes de aves e suínos estão crescendo e o mais importante: a soja do Centro-Oeste brasileiro apresenta um desempenho excelente", declara. De acordo com o especialista, a grande diferença entre 2002 e 2003 para a soja deve ficar por conta do dólar. "O mercado mundial continuará aquecido, mas a desorganização que o dólar causou este ano não deve acontecer em 2003", analisa.

No Rio Grande do Sul, os preços da soja começaram a variar nos meses de março e abril de 2002, quando a saca valia cerca de R$ 20,00. Em novembro, a oleaginosa esteve valendo R$ 48,00. Na região produtora de Panambi, contratos estabelecidos para janeiro deste ano, referentes à colheita de 2002, foram fixados em R$ 50,00. "Esse valor é exagerado e portanto, não deve se repetir em 2003", acredita Alimandro.

Ao mesmo tempo em que está aumentando a capitalização dos produtores, a soja tem fundamental importância no fortalecimento das divisas do País, ressalta o chefe do Departamento de Economia da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Getúlio Pernambuco. De acordo com ele, 2002 se encerra com exportações de aproximadamente US$ 5,9 bilhões do complexo soja. Se o cenário continuar favorável e o Brasil colher mais de 47 milhões de toneladas da oleaginosa, prevê Pernambuco, as vendas externas podem alcançar US$ 7,5 bilhões este ano. Segundo ele, em 2002, o valor bruto da produção de soja cresceu 32,2% e o faturamento dos produtores chegou a R$ 21 bilhões. Em 2001, o rendimento foi de R$ 15,9 bilhões.

Economia de regiões produtoras sentem reflexos positivos

O diretor financeiro da Cooperativa Tritícola Panambi Ltda (Cotripal), Luiz Elberto Schneider, ressalta a motivação transparente dos agricultores. "Os investimentos na lavoura estão crescendo e isso demonstra a vontade de plantar dos produtores", afirma.

A soja também colabora com toda a economia das regiões produtoras, que sentem os reflexos na venda de adubos, de máquinas agrícolas e até no comércio dos municípios. "A comercialização de fertilizantes da cooperativa cresceu 10% em 2002 em relação a 2001", exemplifica Schneider.

Para a Associação Nacional de Difusão de Adubos (Anda), a soja impulsionou o bom desempenho do setor. As vendas de 2002 devem atingir 18,5 milhões de toneladas de fertilizantes, o que significa 8,4% a mais do que foi alcançado pelas indústrias no ano anterior.

No segmento de máquinas agrícolas não foi diferente. Além do incentivo do Programa de Modernização da Frota Agrícola (Moderfrota), as vendas foram influenciadas pela oleaginosa, garante o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers), Cláudio Bier. "Entre as culturas, a soja foi o carro-chefe para o crescimento da comercialização", assegura o dirigente.

Se por um lado, a vitalização da soja beneficia diversos segmentos nem sempre envolvidos diretamente com a produção, por outro, leva reflexos negativos a outras atividades produtivas. "Além da falta de milho, o aumento nos preços do farelo de soja é um grande problema para os criadores de aves e suínos e para os produtores de leite", constata Luiz Schneider.

Plantio está quase finalizado

O Rio Grande do Sul está com o plantio de soja praticamente finalizado. De acordo com a Emater, o Estado deve semear nesta safra cerca de 3,5 milhões de hectares, 5,68% a mais do que na safra passada, e colher aproximadamente 8,5 milhões de toneladas. Com as condições climáticas favoráveis, o desenvolvimento geral das lavouras é considerado bom.

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