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Supranor muda foco de biofábrica pernambucana



Empresa privada vai assumir o controle de unidade do Governo do Estado para produção de mudas livres de vírus.

Depois de quatro anos de ociosidade, a biofábrica de plantas de Pernambuco volta a funcionar, sob o comando da Supranor - empresa pernambucana que atua no setor agrícola. O grupo firmou convênio com o IPA (Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária) para assumir o controle da fábrica, que passa a se chamar Biolab, e será reinaugurada amanhã, na cidade de Goiana (63 km do Recife).

A Supranor investiu R$ 100 mil para retomar as atividades da fábrica, que vai produzir mudas livres de vírus para oito culturas: cana-de-açúcar, banana, uva, morango, abacaxi, batata, flores tropicais e temperadas, permitindo aumento de produtividade e redução no uso de agrotóxico. A expectativa é produzir entre 800 mil e 1 milhão de mudas/ano para comercialização no mercado nacional.

Inaugurada em 1998, num investimento de R$ 1 milhão, a biofábrica de plantas era gerida pelo Governo do Estado, através do IPA, com foco na produção de mudas micropropagadas (produzidas em laboratório) de cana-de-açúcar. O chefe da estação experimental do IPA em Goiana, Erinaldo Viana de Freitas, explica que a falta de intimidade do setor público com a cadeia de comercialização fez com que a biofábrica funcionasse com ociosidade.

"Como o nosso core business sempre foi o setor rural, resolvemos apostar na biotecnologia, acompanhando a tendência do mercado internacional", diz o diretor de operações da Supranor, Marcos Bezerra, justificando a entrada do grupo no novo nicho. Ele explica que algo entre 7% e 10% do faturamento da Biolab será destinado ao IPA, além da manutenção da estrutura existente e dos novos investimentos. "Todo o patrimônio continua sendo do IPA", frisa, lembrando que o convênio tem prazo de quatro anos, com possibilidade de renovação.

As variedades que serão multiplicadas na biofábrica vão ser fornecidas pelo IPA, Embrapa de Cruz das Almas (BA), outros institutos de pesquisa e pelas próprias empresas que desejem reproduzir em maior escala mudas de cultivares testadas com sucesso. "Nossa idéia é atender à demanda do cliente oferecendo mudas de qualidade. Uma das garantias que vamos oferecer é um certificado de sanidade", observa o diretor técnico da Biolab, José Barbosa Cabral.

Depois da escolha das variedades, a expectativa é que a Biolab comece a funcionar a partir da segunda quinzena de dezembro. Com três hectares de área, a biofábrica vai gerar dez empregos diretos e projeta faturamento de R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão no primeiro ano de atividade. A empresa também tem planos de expandir sua atuação para o mercado internacional, mas ainda vai prospectar mercados.

Cabral explica que dentre as vantagens das mudas micropropagadas estão a rapidez na multiplicação de variedades escassas no mercado, eliminação de pragas e doença, multiplicação de espécies vegetais de propagação lenta. O biólogo também destaca que a redução no uso de agrotóxicos é em média de 30% e o ganho de produtividade varia de 15% a 50%. Apesar de ser até 30% mais cara do que as mudas tradicionais, as micropropagadas têm maior valor agregado. Os preços das mudas devem variar de R$ 0,60 a R$ 1,70.

Dentre os segmentos com o maior potencial de crescimento está a multiplicação de mudas de uvas. "Existe uma meta no pólo de fruticultura do São Francisco de expandir em 5 mil hectares a área cultivada com uva, estimada hoje em 7,5 mil hectares. No caso da uva, por exemplo, as mudas clonadas garantem maior longevidade às parreiras, reduzem em 20% o uso de defensivos e melhoram a tonalidade das cultivares para vinho", enumera. "O trabalho a ser desenvolvido pela Biolab é de extrema importância para a agricultura nordestina porque vai disponibilizar ao agricultor o acesso às mudas com custo mais reduzido", afirma Marcos Bezerra. Depois da Campo, controlada por uma multinacional na Bahia, a Biolab será a maior produtora de mudas micropropagadas em grande escala no Nordeste.

Adriana Guarda - Recife/PE

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