Tabela do fumo é reajustada em 7,6%
O novo índice tem vigência retroativa e os agricultores que já venderam o tabaco vão receber a diferença
Há quatro anos produtores e indústrias não chegavam a um consenso em torno do preço do tabaco e a safra transcorria sem o tradicional protocolo entre as partes. Desta vez, dois fatores levaram a Afubra, e as federações dos trabalhadores e patronais dos três Estados do Sul do Brasil ao acordo. Conforme o presidente da Afubra, Benício Werner, um deles é o incremento de R$ 227,5 milhões no faturamento bruto dos fumicultores durante a atual safra. Outro está relacionado à garantia dada pelos dirigentes das fumageiras, de que os critérios de classificação serão mantidos. “As empresas vão manter os critérios adotados desde o início da comercialização desta safra”, ressaltou.
Segundo Werner, como a safra é de boa qualidade e não há produção em excesso este ano – ao todo deverão ser comercializados, segundo estimativas recentes da Afubra, 648,7 mil toneladas, 6% a menos que a previsão incial –, os produtores estão tendo uma rentabilidade maior na hora de entregar o fumo às indústrias. “A remuneração ao produtor está sendo mais justa.”
Safra Bilionária
Com a definição da tabela de preços, que vale para todas as indústrias embora as negociações tenham sido individuais, o quilo do fumo virgínia da classe BO1 – a de melhor qualidade – passa a valer R$ 6,25. A arroba sobe para R$ 93,75. Na classe TO2, o quilo passa a valer R$ 5,02 e, a arroba, R$ 82,65. “Não é o que os produtores buscavam, mas são valores possíveis”, disse o presidente da Afubra. Ainda no ano passado, quando o assunto começou a ser discutido entre as partes, os representantes dos produtores pediram 19,5% de reajuste. Caso a estimativa de colheita seja mantida, o tabaco vai gerar uma receita bruta de R$ 3,26 bilhões no Sul do Brasil, conforme o departamento de estatística da Afubra.
A retomada do protocolo depois de quatro anos marca, na avaliação de Werner, uma nova etapa de discussão entre os setores produtivo e industrial. Segundo ele, é preciso reconstruir as relações, abaladas desde 2003. “Precisamos avaliar o sistema integrado, que enfrenta problemas.” O dirigente citou, entre outros, a atualização e o levantamento conjunto do custo de produção; a ação de atravessadores; a alta carga tributária e o preço pago pelos fabricantes de cigarros como itens a serem analisados pelo setor. Os encontros deverão começar já no mês que vem.
Além do preço, o acordo firmado ontem entre produtores e indústrias depois de quatro anos dá outras garantias, como a vigência retroativa dos novos valores. “Quem vendeu fumo nesta safra, seja ontem ou lá antes do Natal, vai receber o pagamento referente à tabela”, confirmou o presidente da Afubra. Também foi garantido o pagamento do produto em até quatro dias úteis; comprometimento por parte das empresas em adquirir toda a produção contratada; pagamento dos financiamentos de custeio e investimentos junto aos bancos credenciados e das despesas com frete e seguro do transporte do fumo e de insumos agrícolas da casa do produtor até as esteiras de comercialização; e acompanhamento da comercialização por fiscais de órgãos oficiais e membros das entidades.