Taxa de Juros da SELIC permanecerá alta no curto prazo
Votação unânime na 263º reunião do Copom
Por Luiz Antonio Pinazza. Engenheiro Agrônomo
Na 263ºreunião do Comitê de Política Monetária (COPOM), realizada de 18 e 19 de junho, o consenso do colegiado reforçou a necessidade de fortalecer com mais vigilância o controle da taxa Selic. Os eventuais alinhamentos correrão por conta de cumprir administração convergente na taxa de inflação. O orçamento do governo terá acompanhamento mais de perto para gerar saldo positivo.
Contrário ao ocorrido no evento anterior, a votação unânime manteve inalterada a taxa Selic em 10,5%, sem continuidade no ciclo de cortes. Pela análise dos integrantes do COPOM, a política monetária seguirá em ritmo de contração com nível suficiente para consolidar o processo de desinflação. As metas estabelecidas servem de referência para ancorar as expectativas aguardadas dos agentes financeiros.
A ata elaborada e distribuída da reunião deixa mensagem importante para ser observada. No curto prazo, o Banco Central fecha no momento a possibilidade de operar com a reabertura de baixa na taxa Selic. Para isso, cabe apenas aguardar o rumo futuro da economia brasileira para tomar as medidas adequadas.
O Relatório do Boletim Focus (BF) do Banco Central do Brasil (BCB) de segunda feira (24/06), véspera da divulgação desta última ata do COPOM, traz aumento para 2024 pela segunda vez: a taxa juros para 10,50% e de inflação em 3,9%. Esse aumento na previsão reflete os riscos de incertezas na evolução dos fatores de desinflação.
No ambiente interno, a estratégia de convergência da meta de inflação ao longo do horizonte relevante inclui também 2025. O processo tende a ser mais lento. Desancoradas das metas, as expectativas de inflação demandam a condução serena e moderada da política monetária contracionista. Fica claro que a extensão adequada dos ajustes na taxa de juros será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta.
Do lado externo, as condições adversas advêm das incertezas persistentes em relação às medidas de flexibilidade na política econômica nos Estados Unidos. Na última reunião do Federal Reserve (12/06), a taxa de juros se manteve pela sétima vez consecutiva no horizonte de 22 anos. Pressionados nos mercados de trabalho, as principais economias buscam convergir as metas de inflação. O cenário exige cautela para os países emergentes.
Para completar, cabe questões ligadas às metas fiscais do governo. Para este ano, há dúvidas quanto o crescimento da receita ser suficiente para resultar cifra positiva. Com relação a 2025, Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) encaminhado ao Congresso nacional (CN) estima déficit primário zero. Enfim, comprometido com a dívida sustentável e orçamento fiscal crível, o COPOM, se alinha para ancorar as expectativas de inflação e os riscos dos ativos financeiros.