Tecnologia e seguro rural: uma urgência estratégica

O agronegócio brasileiro vive um momento de alerta: em 2024, o setor já registra quase 1.300 pedidos de recuperação judicial, um recorde preocupante que evidencia fragilidades na gestão de riscos. Nesse cenário, o seguro rural surge como ferramenta essencial para a sustentabilidade financeira do campo, mas sua adesão ainda é extremamente baixa. Menos de 10% da área agrícola no Brasil é segurada, enquanto nos Estados Unidos o índice ultrapassa 80%.

Segundo Sérgio Rocha, CEO da Agrotools, essa baixa adesão não está ligada apenas ao custo ou à burocracia. A falta de informação, somada à ausência de tecnologia apropriada, limita o alcance do seguro rural. No entanto, com o avanço da digitalização do campo e o uso de inteligência artificial, o setor começa a vislumbrar um novo horizonte. A tecnologia promete não apenas acelerar processos, mas também ampliar o acesso, a eficiência e a atratividade do seguro rural para produtores e empresas do agro.

“E é claro, não podemos esquecer das mudanças climáticas. Uma das pautas mais importantes em todo o mundo na atualidade, esses eventos extremos promovem várias imprevisibilidades para o agro, não apenas travando entregas, mas também prejudicando a cadeia produtiva como um todo do dia para a noite”, comenta.

As enchentes no Rio Grande do Sul em 2024 impulsionaram o debate. Em resposta, o governo federal remanejou R\$ 210 milhões do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) para apoiar produtores atingidos. Além disso, o Projeto de Lei 2951/2024, que propõe a criação de um fundo de catástrofe, reforça que a proteção rural está ganhando espaço na agenda pública como prioridade estratégica.

“Ou seja, todos os desafios operacionais, logísticos e informacionais que impedem a adoção dessa ferramenta em larga escala são solucionados. A longo prazo, isso não só protege o negócio, mas também alavanca o crescimento sustentável do setor.  Com o apoio da tecnologia, o seguro rural tem tudo para se tornar uma infraestrutura essencial para o agro brasileiro. O futuro do segmento já chegou, só precisa ser compreendido e colocado em prática por completo”, conclui.