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Torrefações de café ampliam vendas externas

Dentro do novo posicionamento das indústrias, alguns exportadores já estão abrindo espaço para os cafés de alta qualidade


Ritmo das exportações faz com que meta de US$ 12 milhões fique próxima de ser alcançada. Depois da decepção que as indústrias exportadoras do café tiveram no ano passado, quando os embarques atingiram apenas US$ 8,8 milhões e representaram uma retração de 30% em relação ao ano anterior, os negócios realizados nos primeiros meses de 2005 mostram que este ano será bem diferente. Levantamento da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostra que no primeiro bimestre do ano as vendas externas de café torrado e moído do Brasil somam US$ 1,9 milhão, o que representa 17% da meta de exportação estimada para 2005, que é entre US$ 10 milhões e US$ 12 milhões.

"Diferente do ano passado, decidimos fazer um realinhamento de nossas exportações, valorizando mais os embarques de cafés com maior valor agregado", afirma Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Café (Abic). Um exemplo da nova estratégia é o preço médio de exportação alcançado pelas empresas, que no primeiro bimestre do ano é de US$ 3,73 por quilo, duas vezes maior do que os US$ 1,15 registrado no mesmo período do ano passado.Dois motivos principais estão levando o Brasil à retomada das exportações de café torrado e moído. O primeiro deles é o trabalho desenvolvido pela Abic, em parceria com a Agência de Promoção das Exportações (Apex), que tem levado um número cada vez maior de empresas a participar de feiras e promover o produto nacional no exterior.

O segundo motivo é que para os países importadores é mais vantajoso trazer o café gourmet do Brasil a importar o grão de alta qualidade e industrializar nos países de destino. "Nas gôndolas, o café fino do Brasil chega a ser até 50% mais barato do que os cafés gourmets industrializados pelos importadores", afirma Herszkowicz.

Importação francesa

Dentro do novo posicionamento das indústrias, alguns exportadores já estão abrindo espaço para os cafés de alta qualidade. Já está a caminho da França um carregamento de 50 toneladas de café torrado e moído, vendido pelo Grupo Branco Peres, dono da marca Café do Centro. A aquisição foi feita pela rede varejista Casino, que também importou 48 toneladas de café do Sendas. "Essa foi a maior exportação de café fino já feita por uma empresa brasileira", afirma Rafael Branco Peres, sócio-diretor do grupo Branco Peres.

Foi a primeira vez que a França importou café torrado do Brasil. "Os franceses têm um protecionismo muito grande, mas acreditamos que esse primeiro negócio poderá representar a abertura do mercado, tanto que estamos nos preparando para ser um eventual fornecedor da rede", explica Branco Peres.

Mas não foram apenas os franceses que decidiram comprar café torrado do Brasil este ano. Em janeiro, desembarcou no México o primeiro carregamento do produto industrializado brasileiro. Os mil quilos exportados pelo Grupo Nha Benta, dono da marca Café Tiradentes foram comercializados nas seis lojas do El Palacio de Hierro, maior rede de loja de departamentos de luxo do México.

Aposta no exterior

De olho no potencial do mercado externo, o grupo Branco Peres pretende ampliar suas exportações. Atualmente, apenas 10% das 3 mil toneladas de café produzidas anualmente pela empresa são enviadas ao mercado externo. "Percebemos que as perspectivas internacionais são maiores do que as nacionais e por isso pretendemos exportar mais", diz Branco Peres, sem revelar quanto da produção será destinada às exportações.

Apesar de os embarques de café torrado estarem em trajetória ascendente, as exportações de café verde ainda são o grande negócio do Brasil, mesmo com o baixo valor agregado. Dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) mostram que, no mês de março, as exportações totalizaram 1,99 milhões de sacas, um crescimento de 30% sobre o resultado de fevereiro. O desempenho, no entanto, é 7% inferior ao observado em março do ano passado.

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