A CCPL - Cooperativa Central dos Produtores de Leite, do Rio de Janeiro, acaba de ser arrendada pela trading ORF do Brasil. O acordo assinado entre os 60 mil produtores associados à CCPL e a ORF inclui as 16 unidades industriais e a marca, consolidada ao longo de 57 anos de tradição no estado do Rio de Janeiro. O valor do arrendamento, assinado por dez anos, está estimado em R$ 30 milhões, que inclui o passivo da cooperativa, de cerca de R$ 20 milhões. "Nossa expectativa é quitar o débito com os produtores num prazo de seis meses", diz Orlando Ferri, diretor-presidente da ORF.
A CCPL é uma das três cooperativas centrais de leite que ainda sobrevivem à entrada das multinacionais. As outras são a Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (Itambé) e a Cooperativa Central de Laticínios do Estado de São Paulo.
Fundada em 1945, nos últimos 57 anos a CCPL consolidou a marca no mercado carioca, conquistando 27 milhões de consumidores e chegou a beneficiar 2 milhões de litros de leite/dia. "Há dez anos a CCPL era dona da marca Longa Vida", diz Jorge Rubez, presidente da Leite Brasil, entidade dos produtores.
O início das dificuldades financeiras ocorreu há 20 anos, quando surgiram problemas na captação e distribuição de leite. A crise se agravou nos últimos sete anos e culminou com a paralisação parcial das atividades em abril, quando a produção despencou para 350 mil litros de leite/dia. A CCPL parou definitivamente há um mês. "Vamos reativar as industrias em dez dias com produção inicial de 500 mil litros de leite/dia."
O contrato de arrendamento foi aprovado por unanimidade pelos 60 mil produtores, alguns dos quais estavam entregando leite para outras cooperativas e já se comprometeram a voltar a fornecer à CCPL, que a partir de agora passa a ser CCPL Ltda. A retomada industrial inclui a diversificação da produção. "Vamos produzir, em maior escala, derivados do leite." A diversificação é necessária pela estreita margem de lucro do leite. "O resultado é pequeno e muito perigoso, precisamos diversificar a produção para manter um nível mínimo de lucratividade."
Com o novo modelo, a CCPL deve voltar a registrar faturamento entre R$ 5 milhões e R$ 7 milhões por mês em meados de 2003. Nesta primeira fase, a expectativa é de que o faturamento mensal se situe entre R$ 3,5 milhões e R$ 4 milhões.
O bom desempenho da empresa, entretanto, está atrelado à manutenção das taxas de cobrança do ICMS. "Nós temos vantagem de 7 pontos percentuais sobre as empresas que produzem leite fora do estado. Essa diferença é vital para a CCPL, por isso vamos lutar pela manutenção das taxas atuais", afirma. É essa diferença na cobrança do imposto que, segundo Ferri, possibilita à CCPL disputar mercado com multinacionais como a Nestlé e a Parmalat. Pelas legislação do Rio de Janeiro, a CCPL recolhe 18% de ICMS, enquanto as empresas que produzem fora do estado recolhem 25%.
A CCPL vai ampliar o portfólio de itens produzidos, que se situa em 30 unidades, entre leite, iogurte, manteiga, requeijão, sucos, chás e queijos, e pretende responder, no curto prazo, por 50% do mercado carioca de leite e derivados. Hoje a Elegê e a Parmalat têm entre 60% e 70% das vendas de leite do estado. "Vamos manter o logotipo antigo que é muito forte", diz o presidente da ORF do Brasil, fundada há dez anos. A ORF produz café e comercializa o produto no mercado interno e externo. A empresa também importa frutas em calda e produz entre 20 e 30 mil litros de leite/dia.
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