CI

Transgênicos são alvo de críticas


A Jornada de Agroecologia, em Ponta Grossa, abriu o segundo dia com severas críticas ao modelo produtivo e econômico sustentado pelos produtos transgênicos e pela utilização indiscriminada de agrotóxicos. Em sua palestra, "Império, resistência popular e biotecnologia", o diretor do Instituto da Política de Desenvolvimento e Alimentação na Califórnia (EUA), Peter Rosset, criticou a atuação da Monsanto no Brasil, incentivando o plantio clandestino e a contaminação de lavouras para pressionar o governo a abrir mercado, e advertiu que a empresa aposta no País com a finalidade de garantir sua própria sobrevivência financeira.

Rosset comentou que a rotulagem de alimentos nos países europeus foi responsável pela perda significativa de mercados para a Monsanto no continente e, com isso, a empresa, que produz 80% das sementes transgênicas no mundo, estaria passando por graves problemas.

O instituto ao qual o pesquisador norte-americano pertence desenvolve pesquisas e cooperação técnica nos Estados Unidos e em vários países no mundo todo, como México, Brasil, Tailândia, Laos e em Cuba, onde há um programa nacional de incentivo à agroecologia.

As pesquisas, segundo Rosset, são unânimes em apontar as vantagens dos métodos ecológicos tanto em rentabilidade, quanto em qualidade de vida e proteção ambiental.

Jean Marc Von der Weid, coordenador do programa de Políticas Públicas da AS-PTA, que também esteve conferindo palestra, ontem pela manhã, na Jornada de Agroecologia, listou algumas razões que o levam a considerar como equivocada uma decisão de liberação dos transgênicos no Brasil. "Primeiro por causa da Balança Comercial. Seria uma contradição se optar pelos transgênicos, quando os mercados internacionais estão se fechando para eles", aponta ele.

Jean Marc também listou aos participantes da Jornada de Agroecologia alguns dos argumentos em favor dos produtos transgênicos que estão perdendo a credibilidade entre os produtores no mundo e não estão sendo confirmados pelos fatos mais recentes. Ele concluiu advertindo aos participantes que "tanto as práticas de produção agroecológicas quanto aquelas convencionais, que se utilizam de técnicas mais sofisticadas e racionais na aplicação de insumos químicos, são mais eficientes e custam menos que a produção transgênica".

Na programação da Jornada, hoje, acontecem exposições sobre reforma agrária e sobre os direitos do consumidor diante dos produtos transgênicos. No sábado, é a vez da Feira de Agroecologia.

Proibição de transgênicos

O coordenador-geral da Jornada de Agroecologia, Darci Frigo, disse que a discussão entre produtores agroecológicos, consumidores e técnicos, hoje, no Brasil, é a de mover processos contra a empresa Monsanto por sua responsabilidade na disseminação de transgênicos no País, colocando em risco o patrimônio nacional e a variedade de sementes. Ele defende que entidades ou empresas que pregam a desobediência civil da produção clandestina de transgênicos sejam enquadradas em crime por formação de quadrilha.

O vice-governador e secretário de Agricultura do Paraná, Orlando Pessuti, que participou da abertura oficial da Jornada de Agroecologia, em Ponta Grossa, disse que o Paraná vai cumprir e fiscalizar a proibição de transgênicos e lembrou que o Estado tem pelo menos 95% da safra de soja certificada como não-transgênica.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.