Transporte irregular de trabalhadores rurais em São Paulo
Fiscais do trabalho e policiais rodoviários encontraram irregularidades no transporte de trabalhadores rurais em São Paulo
Fiscais do Ministério do Trabalho e policiais rodoviários encontraram irregularidades no transporte de trabalhadores rurais na região de Campinas, em São Paulo.
Dentro do velho ônibus lotado com trabalhadores rurais o trabalhador rural Sebastião Moraes, de 81 anos, volta para a casa com os pés encharcados. Ele teve que usar tênis para trabalhar na lavoura debaixo de chuva. O único par de sapatos adequados que recebeu do empregador estava sem condições de uso.
“Tem de ter uma série de itens. Entre eles, o calçado, a perneira, a luva e uma capa de chuva para um dia chuvoso. E não é só um calçado. O trabalhador molha o calçado em um dia de chuva e no dia seguinte não tem o que usar. Então, tem de ter, no mínimo, dois pares de sapatos”, avisou o auditor fiscal Antônio Carlos Avancini.
Este é apenas um problema constatado durante a fiscalização. Vários ônibus transportavam ferramentas junto com os passageiros, o que compromete a segurança dos trabalhadores.
“É porque já tem muita ferramenta embaixo, que é a mesa de trabalho. E as gavetas são pequenas. Eu tenho que dar um jeito”, falou o motorista Euci Lopes.
A fiscalização de dois dias na região de Mogi Mirim foi feita pelo Ministério Público, pelo Ministério do Trabalho e Polícia Rodoviária Estadual. O principal enfoque foi a condição de transporte. Mas também foram verificados registros em carteira e as condições de trabalho.
Na estrada entre Mogi Mirim e Engenheiro Coelho a polícia parou um ônibus carregado com mandioca e cheio de engradados no lugar dos bancos. Os passageiros viajam junto com a carga, sem a mínima segurança.
Os fiscais também encontraram uma perua com irregularidades graves. Dez pessoas viajavam no lugar destinado a oito. As ferramentas usadas no corte da mandioca, como facões, ficam soltas no fundo do veiculo. Os pneus estão carecas e o banco da frente é uma armadilha.
“O banco do veículo está praticamente solto. Há um risco iminente de acidente”, avaliou o policial rodoviário Cleber Tavares.
Nos últimos dois dias, vinte e dois veículos foram vistoriados. Quinze deles receberam multa e três foram recolhidos. As multas podem chegar a seis mil reais.