Triângulo Mineiro tem cinco focos da ferrugem asiática
Especialistas dizem que a situação está sob controle e não há risco de prejuízo
Foram identificados cinco focos da ferrugem asiática em lavouras de soja no Triângulo Mineiro. Três deles foram localizados em áreas comerciais de Uberaba e outros dois em fazendas no Município de Uberlândia, um na fazenda Capim Branco e outro na Escola Agrotécnica Federal. De acordo com o professor titular da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Fernando César Juliatti, a situação está sob controle e não representa risco de prejuízos para a próxima safra.
“Uma vez feita a aplicação de fungicida, o produtor terá que ficar alerta e acompanhar o desenvolvimento da lavoura. Qualquer alteração, a recomendação é que entre em contato com os órgãos competentes para que seja feita uma nova avaliação da situação”, disse.
Juliatti orienta ainda que a atenção deve ser redobrada no período chuvoso, principalmente, em áreas próximas às regiões afetadas. “Indicamos a pulverização imediata em caso de confirmação da doença”, disse. Na dúvida quanto à presença do fungo na soja, é necessário que o produtor recolha uma amostra e a envie a um dos laboratórios credenciados do Consórcio Antiferrugem.
Em Minas Gerais há mais de 1 milhão de hectares cultivados com soja. No Triângulo são aproximadamente 600 mil. A ferrugem asiática surgiu nas lavouras brasileiras de soja há oito anos e contabiliza perdas estimadas em U$ 10 bilhões.
Nos últimos anos, o produtor está mais preparado para enfrentar a doença e vem obtendo bons rendimentos mesmo com a ameaça constante da doença. Mas, segundo Juliatti, ainda existem produtores que insistem em ignorar o problema e a gravidade desta doença para as lavouras. São aqueles que deixam a aplicação dos fungicidas para a última hora e acabam sofrendo grandes prejuízos.
Na safra 2005/2006, o volume de grãos perdidos com a ferrugem foi de 2,9 milhões de toneladas, o que gerou prejuízos de US$ 2,1 bilhões ao País. Em 2006/2007 este prejuízo chegou a US$ 2,2 bilhões. Na safra 2007/2008, as perdas caíram para 418 milhões de toneladas de grãos, com prejuízos financeiros da ordem de US$ 1,97 bilhão. Segundo Juliatti, a expectativa é que os prejuízos caiam ainda mais nesta safra.
Lucas Aernoudts, produtor de soja há 19 anos, nunca enfrentou problemas com a doença e afirma manter os bons resultados por meio da prevenção. “Faço o investimento necessário para não ser surpreendido com prejuízos na colheita”, disse.
Sementes resistentes chegam ao mercado em 2010
Segundo o professor Fernando César Juliatti, membro do Consórcio Antiferrugem, criado com objetivo de assessorar os produtores, em 2010, estarão disponíveis sementes resistentes à doença. Entretanto, ele alerta que o cultivo destas variedades não será a salvação da lavoura de soja. "O uso da soja inox não elimina a necessidade de aplicação de fungicida e da adoção de outras práticas de prevenção, como o vazio sanitário”, disse.
Segundo Jandir Francisco de Andrade, fiscal do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), o Vazio Sanitário foi um dos responsáveis pela redução da ferrugem asiática no Estado. O objetivo é diminuir a possibilidade de sobrevivência da praga nas áreas de cultivo. O procedimento se dá com a eliminação total de plantas vivas da cultura da soja por um período de 90 dias durante a entressafra.
O IMA é o órgão responsável pela fiscalização e a desobediência ao que estabelece o programa deixa os produtores infratores sujeitos a punições acima de R$ 3 mil, valor que dobra em caso de reincidência. “Emitimos algumas notificações em 2008 e todas foram cumpridas dentro do prazo legal”, disse.