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Triticale é alternativa na alimentação animal

É possível substituir o milho pelo triticale na ração de suínos em 100% e em aves em 85%


Foto: Alfredo do Nascimento Junior

Com o aumento no preço do milho, tem crescido o interesse dos produtores pelo cultivo do triticale, destinado principalmente à produção de forragens e na ração animal. Uma das dificuldades do produtor no cultivo do triticale está no manejo da cultura. 

O triticale é um produto direto da pesquisa, gerado a partir do cruzamento do trigo com o centeio. Nesse cruzamento, o triticale herdou o potencial de rendimento de grãos do trigo, com a rusticidade do centeio na resistência a doenças, bom desenvolvimento em baixas temperaturas, tolerância à seca e ao frio, sistema radicular profundo, além de grãos de alto valor proteico.

Na série histórica da Conab, a área de triticale no Brasil passou dos 100 mil hectares no início dos anos 2000, onde as áreas de cultivos estiveram concentradas nos estados de São Paulo e no norte do Paraná, devido a melhor adaptabilidade do triticale ao estresse hídrico, a solos ácidos e ao menor custo de produção quando comparado a outros cereais. Contudo, devido à dificuldade de comercialização, a área caiu gradualmente no País, registrando cerca de 15 mil hectares em 2020.

A tendência para os próximos anos é de crescimento da área, principalmente em função dos cenários para o milho: “A maior procura por grãos de triticale ocorre em períodos em que a disponibilidade de milho é baixa ou o custo está elevado”, explica Alfredo do Nascimento Junior, pesquisador da Embrapa Trigo, destacando que “o triticale é uma alternativa com custos semelhantes ao milho na alimentação animal, que pode ser ofertada através de ração ou forragens com excelentes resultados”.

Conforme estudos da Embrapa, é possível substituir o milho pelo triticale na ração de suínos em até 100% e para aves em até 85%. Na pecuária, 1kg de silagem de triticale pode produzir até 1,3 kg de leite.

Apesar do menor valor energético em comparação com o milho, o triticale apresenta teor de proteínas quase 50% superior, com 166% mais triptofano, 48% mais leucina, além de diversos aminoácidos que superam o milho. Com maior concentração de amidos e nutrientes digestivos totais, o triticale também pode substituir parte do farelo de soja na ração dos bovinos, reduzindo custos de produção.

Estima-se que, atualmente, 25% da produção de triticale está destinada à indústria de alimentos integrais, como pães e biscoitos, com potencial de duplicar a área de cultivo da cultura na carona do marketing dos alimentos funcionais. O Brasil é o segundo maior produtor mundial de biscoitos. O triticale garante a crocância e a firmeza dos biscoitos, permitindo eliminar o uso de aditivos químicos para atingir esses atributos. A mistura para biscoitos utilizada é de 30% de farinha de triticale e 70% da farinha de trigo.

Também na produção de etanol amiláceo, o triticale aparece com opção, permitindo a exploração econômica no inverno em área marginais, recuperando solos compactados e com baixa fertilidade, com baixo custo de produção em grãos que contém até 60% de amido. Uma tonelada de grãos de triticale chega a produzir 350 litros de etanol.

Com o fomento do cultivo na Região Sul, muitos produtores estão experimentando o triticale pela primeira vez. Apesar das semelhanças com o cultivo de outros cereais de inverno, o triticale apresenta particularidades que precisam ser observadas, seja na escolha de cultivares ou no manejo, direcionando para a produção de forragens ou para a colheita de grãos.

 

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