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UFV promove evento internacional da ONU sobre mudanças climáticas

“A agricultura que conhecemos hoje não será a mesma em 2050", diz palestrante


Enquanto o mundo todo preocupa-se com a possibilidade de aumento da temperatura média global nos próximos anos, os pesquisadores alertam para as conseqüências que a agricultura do mundo todo irá sofrer com as variações extremas e eventuais do clima. O risco é concreto e será preciso modificar a maneira como hoje conhecemos a agricultura. Este foi o tema do Workshop Internacional sobre mudanças climáticas e agricultura que está reunindo pesquisadores e produtores rurais de todo o mundo desde segunda-feira, dia 12, em Belo Horizonte. Na próxima quinta-feira, dia 15, diplomatas e políticos dos países signatários da ONU chegam a Belo Horizonte para 15ª Sessão da Organização Meteorológica Mundial que acontece pela primeira vez na América Latina em 60 anos. O objetivo é definir de estratégias de enfrentamento das conseqüências das mudanças climáticas na agricultura mundial.

O worshop que antecede a cúpula mundial é promovido pela WMO - a organização metereológica mundial, órgão da ONU para estudos e debates sobre clima e organizado pela Secretaria Estadual de Agricultura, Universidade Federal de Viçosa e Instituto Nacional de Meteorologia. Participam do evento delegações de diversos países e as palestras tratam de perspectivas para a agricultura em todos os continentes. “A agricultura que conhecemos hoje não será a mesma em 2050. Será preciso modificar plantas e sistemas de plantio para nos adaptarmos à variabilidade climática que já está em curso”, afirmou Luiz Cláudio Costa em sua palestra sobre a agricultura na América do Sul. Ele é pesquisador da Universidade Federal de Viçosa e presidente da Sociedade Brasileira de Metereologia Agrícola, além de reitor da UFV. “Estudos recentes mostram que vamos ter decréscimo de produtividade na maioria das culturas, mas é preciso que as pesquisas avancem ainda mais”, disse ele lamentando a falta de experimentos em larga escala para avaliar os impactos das mudanças climáticas nos países latino-americanos.

Luiz Cláudio explica que haverá períodos intensos de chuva e seca e isso é mais grave que o aumento global da temperatura. “Precisamos criar mecanismos mais eficazes de informações meteorológicas para que os agricultores possam tomar decisões rápidas, evitando grandes prejuízos”. O também pesquisador da UFV Flávio Justino explica, por exemplo, que se os produtores de maçã no Paraná soubessem avaliar os riscos de uma grande geada que se aproximava, poderiam ter evitado a perda quase total da safra que ocorreu recentemente. Ainda segundo Luiz Cláudio Costa, as mudanças climáticas em vigor provocarão quedas de produtividade agrícola entre 5 e 30% nos próximos anos se não houver uma adaptação das culturas agrícolas às variações do clima.

Palestrantes que falaram sobre países como Índia, Austrália e Estados Unidos também ressaltaram que os investimentos em serviços agrometeorológicos eficientes e os constantes treinamentos oferecidos para agricultores já têm minimizado os efeitos das variações dos climas nestes países, mas nem sempre têm sido possível ainda prever grandes catástrofes climáticas. “Por isso, pesquisas e gestões políticas sobre a variabilidade climática têm que ocorrer em nível global”, disse Mannava Sivakumar, diretor da WMO, sediada na Suíça. O desafio de alimentar nove bilhões de pessoas em 2050 é preocupante. O aumento da produtividade agrícola em termos globais que varia entre 1 e 2% já é muito pequeno para atender ao crescimento demográfico. A produção de alimentos precisa duplicar, mas as variações climáticas tendem a agravar a fome mundial, afirma Luiz Cláudio Costa. “Não há gestão pública eficiente sem o apoio do conhecimento acumulado pela ciência e não há paz mundial sem segurança alimentar”, disse Gilmam Viana Rodrigues, Secretário de Agricultura do Estado de Minas Gerais durante a abertura do evento em Belo Horizonte.

As dificuldades dos produtores em se adaptar à nova agricultura que se avizinha foi tema dos palestrantes que falaram sobre mudanças climáticas nos países da África, Américas do Sul e Central e Caribe. Para eles, o desenvolvimento de novas culturas via melhoramento genético, a criação de novos sistemas de plantio, a eficiência de novos recursos para gestão das águas dependem muito da adaptação de tecnologias em países menos desenvolvidos cientificamente e que já enfrentam problemas com a fome e distribuição de renda. Eles alertam para a resistência dos produtores aos novos conhecimentos e para a ineficiência dos serviços extensionistas como desafios a serem enfrentados.

Para Luiz Cláudio Costa, o Brasil tem muito a contribuir para o enfrentamento destes desafios. “Há dois problemas que o mundo não resolve sem a efetiva participação do Brasil: a erradicação da fome e a contenção dos impactos ambientais trazidos pelas mudanças climáticas. O Brasil tem novamente a missão, e hoje em condições muito mais favoráveis, de desenvolver a ciência da agricultura tropical sob condições de mudanças climáticas. “Nenhum país tem o potencial técnico, científico e político do Brasil, capaz de liderar a cooperação dos continentes africano e sul americano e efetivamente contribuir para a erradicação da fome no mundo. Nós já fizemos uma revolução na agricultura tropical a partir da década de 1960. Com pesquisa, política governamental e investimentos podemos diversificar a agricultura, promover o setor agrícola, integrar a produção de bioenergia e a produção de alimento, reduzir a emissão de gases de efeito estufa e resolver o maior dilema cientifico, ético e político da humanidade que é a fome, disse o reitor da UFV. As informações são de assessoria de imprensa.

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