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Uma mulher na briga pelo Freio de Ouro

Carolina Zagonel chega à grande final da prova máxima da raça crioula com status de primeira ginete feminina nesta fase


Carolina Zagonel chega à grande final da prova máxima da raça crioula com status de primeira ginete feminina nesta fase
Botas de couro, lenço azul no pescoço e chapéu negro. A vestimenta, tipicamente masculina, contrasta com os brincos dourados, os cabelos louros alinhados e as discretas flores aplicadas no forro dos bolsos das bombachas.

Carolina Zagonel, 22 anos, não esquece dos mínimos detalhes antes de entrar na pista de provas. Quando monta a cavalo, a jovem de aparência frágil surpreende. A ginete carrega com orgulho a façanha de ser a única mulher a se classificar para a final do Freio de Ouro, que acontece em agosto na Expointer, em Esteio.

Na Cabanha Maufer, no interior de Cruzeiro do Sul, no Vale do Taquari, onde trabalha há quatro anos, ela também divide espaço apenas com homens. Decidida a fazer o que gosta, isso nunca foi problema para Carolina.

– Sempre sonhei em ser ginete, desde criança. Para mim isso não é um trabalho, gosto muito do que faço – conta.

Confessa, entretanto, que muitas vezes precisa fechar os ouvidos para os comentários preconceituosos. Há quem duvide que a jovem seja capaz de disputar as provas lado a lado com os ginetes homens.

– Depois dessa classificação, os comentários cessaram – provoca.

Carolina, contudo, garante que nas competições recebe total apoio dos concorrentes. Durante as paleteadas, quando os ginetes ficam receosos, é ela quem avisa que não quer regalias. Mas admite que na hora de dominar o animal um pouco mais de força ajudaria. Quando precisa, recorre aos colegas da cabanha na qual trabalha.

A jovem conta ainda com a parceria do namorado, Fernando Weiand, 27 anos, tanto para ajudá-la nos treinos quanto para trançar seus cabelos, penteado que se tornou uma marca da ginete nas provas.

– Já cheguei a fazê-lo comprar um laquê porque a trança estava desalinhada. Ele é muito parceiro em tudo – derrete-se.

Hoje, Carolina dedica as suas manhãs ao treinamento de duas éguas: Amora e Catedral. A primeira foi sua aliada na conquista dos 18,419 pontos que a classificaram – na etapa de Vacaria – para a sonhada final em Esteio.

Após a prova, um intervalo de um ano longe da montaria será necessário a partir de setembro. Carolina vai passar por uma cirurgia, devido a uma hiperelasticidade dos ombros. Ainda assim, ela não pretende ficar longe dos treinos.

– Sou determinada, treinei muito para conseguir essa classificação, vou ficar ao menos observando para não perder o ritmo – adianta.

Sonhando ser mãe, ela sabe que não vai poder montar para sempre. Quando precisar descer dos arreios, a ginete, que cursa veterinária, pretende se especializar no atendimento de equinos.

Até lá, a jovem ainda quer sentir muitas vezes o sabor da conquista.

– É uma sensação incrível. Eu voltei para casa e ficava revivendo na memória cada segundo da prova. É difícil de explicar – comemora.

Quem é Carolina Zagonel

- 22 anos
- Natural de Lajeado
- Aprendeu a montar no sítio do avô, no interior de Lajeado, quando era criança
- Laçou pela primeira vez aos 14 anos, em um rodeio em Colinas
- Treina para as provas todas as manhãs e aos finais de semana com o apoio do namorado Fernando Weiand. Próximo das provas, a dedicação ocupa todo o seu dia
- Está classificada – pela etapa de Vacaria – para disputar a final do Freio de Ouro em Esteio montando a égua Amora 495 Maufer, da Cabanha Maufer
- Acredita que a dedicação seja sua principal qualidade
- Cursa veterinária
- Sonha disputar o Freio de Ouro diversas vezes e atuar como veterinária de equinos

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