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USDA prevê aumento da safra americana de soja


A previsão de aumento da produção de soja nos Estados Unidos e na Argentina e a conseqüente elevação dos estoques mundiais provocaram queda nos preços internacionais do grão na bolsa de Chicago. O relatório divulgado na sexta-feira pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indica aumento de 1 milhão de toneladas na safra argentina e de 1,09 milhão de toneladas da colheita norte-americana.

Os preços da soja subiram quase 4% na Chicago Board of Trade (CBoT) como reflexo do relatório de oferta e demanda mundial de grãos divulgado pelo USDA.

Segundo informações de traders, as estimativa de safra do USDA surpreenderam o mercado, sobretudo porque normalmente o relatório de janeiro não apresenta muitas novidades. Este ano, ao contrário, a previsão do órgão caracterizou-se como o mais surpreendente dos últimos seis meses.

A principal surpresa é decorrente da alteração no número da safra norte-americana, cuja colheita encerrou-se em novembro passado. Segundo o relatório do USDA, a produção dos Estados Unidos deve totalizar 74,29 milhões de toneladas, 1,48% a mais em relação à estimativa de dezembro, de 73,2 milhões de toneladas. Para a colheita argentina, o USDA prevê agora 33,5 milhões de toneladas, aumento de 3,1% em comparação à estimativa divulgada em dezembro, de 32,5 milhões de toneladas.

"Estes foram os fatos mais relevantes do relatório, e após consecutivas quedas na projeção da safra mundial entre julho e outubro, a perspectiva atual é de uma produção mundial em volume recorde no período 2002/03", afirma Renato Sayeg, da Tetras Corretora.

Para o Brasil, o governo norte-americano manteve a previsão da safra de soja em 49 milhões de toneladas, sem alteração em relação ao relatório de dezembro. A principal alteração, em relação à safra brasileira, porém, foi a redução das exportações de 20,9 milhões toneladas para atuais 20,6 milhões de toneladas, segundo o órgão.

No total, a projeção é de que a produção mundial de soja totalize 190,89 milhões de toneladas, 1,1% a mais em comparação com os 188,8 milhões de toneladas previstos no relatório de dezembro.

"O aumento da oferta elevou os níveis dos estoques finais dos Estados Unidos, bem como dos estoques mundiais", afirma Renato Sayeg. Os estoques norte-americanos foram elevados de 4,76 milhões de toneladas para 5,16 milhões de toneladas. Já os estoques mundiais cresceram 4,4%, passando de 29,350 milhões para 30,650 milhões de toneladas.

Para o relatório de janeiro o mercado aguardava apenas um aumento de consumo na China, o que foi, de fato, confirmado, com incremento de 500 mil toneladas, para 14,5 milhões de toneladas.

Milho

A produção mundial de milho será ligeiramente menor, com queda de 0,1%, segundo o USDA, para 590,52 milhões de toneladas, em comparação à previsão de 591,15 milhões de toneladas previstas no relatório de dezembro. Em comparação à safra anterior, a produção será 1,11% menor.

A colheita norte-americana permanecerá praticamente sem alteração. No relatório de janeiro, o USDA prevê colheita de 228,8 milhões de toneladas, em relação às 228,7 milhões de toneladas divulgadas no mês de dezembro.

Também não houve alteração em relação à expectativa da safra de milho da Argentina, que se manteve em 13,5 milhões de toneladas, segundo o órgão. A alteração mais significativa ficou em relação à produção prevista na África do Sul, com queda de 15,8%. Segundo o relatório divulgado sexta-feira, a produção no país africano será de 8 milhões de toneladas, enquanto em dezembro a previsão era de 9,5 milhões de toneladas.

Os estoques mundiais de milho deverão recuar 20,35% no ano-safra 2002/03, para 104,79 milhões de toneladas, em comparação ao volume de 131,57 milhões de toneladas na safra 2001/02.

A oferta total de grãos forrageiros, que inclui milho, sorgo, cevada, aveia e centeio, deve totalizar 859,95 milhões de toneladas, queda de 3,13% em relação à produção de 887,72 milhões de toneladas da safra 2001/02. Os estoques finais de grãos forrageiros são estimados em 149,03 milhões de toneladas, queda de 15,45% em relação às 176,26 milhões de toneladas no final da safra anterior.

Trigo

A colheita mundial de trigo está estimada pelo USDA em 567,51 milhões de toneladas, o que significa queda de 0,2% em relação à estimativa divulgada em dezembro, de 568,72 milhões de toneladas. Em comparação ao ano anterior, a produção será 2,06% menor segundo o órgão norte-americano.

A Argentina, um dos maiores países produtores do grão e o principal fornecedor de trigo para o mercado brasileiro, deverá colher 13 milhões de toneladas na safra 2002/03, o que representa queda de 3,7% na comparação com a estimativa divulgada no mês de dezembro, que apontava colheita de 13,5 milhões de toneladas.

Já a previsão dos Estados Unidos ficou inalterada em 43,99 milhões de toneladas de trigo. Os estoques mundiais de trigo deverão recuar 14,13%, segundo o USDA. A previsão é de que no final da safra 2002/03 o volume de estoques de trigo atinja 171,55 milhões de toneladas, em relação às 199,79 milhões de toneladas de trigo registradas na safra anterior.

Algodão

A produção norte-americana de algodão prevista pelo USDA é 1,4% menor em relação ao relatório anterior, de 17,14 milhões de fardos. No relatório de dezembro, o USDA previu um volume de 17,38 milhões de fardos.

Já a oferta mundial de algodão deverá recuar 11,13%, para 87,4 milhões de fardos, em relação à colheita de 98,35 milhões de fardos obtidos na safra passada. Os estoques mundiais de algodão previstos pelo USDA devem cair 18,68%, para 37,92 milhões de fardos, em relação aos 46,63 milhões de fardos registrados na safra 2001/02, segundo o órgão.

Arroz

O USDA manteve inalteradas as previsões para os principais países produtores de arroz. Segundo o relatório de janeiro, a Índia deverá colher 78 milhões de toneladas, a Tailândia, 16,5 milhões de toneladas, e o Vietnã, 20,9 milhões de toneladas, sem alteração em comparação ao relatório de dezembro. Já os Estados Unidos devem colher 6,6 milhões de toneladas.

Açúcar

A produção norte-americana de açúcar na safra 2002/03 está prevista em 7,4 milhões de toneladas, 1,2% menos em comparação aos 7,49 milhões de toneladas de dezembro. A queda foi atribuída pelo USDA à produção abaixo do esperado de açúcar de beterraba.

Suco de laranja

A produção de laranja da Flórida, principal estado produtor dos EUA, deve atingir 197 milhões de caixas de 40,8 quilos, sem alteração em relação ao relatório anterior.

Paulo Soares, Luciana Franco e Bloomberg News

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