Usina de álcool de Quirinópolis (GO) terá R$ 681 milhões do Produzir
O projeto está orçado em aproximadamente R$ 700 milhões, deve gerar cerca de 1.800 empregos diretos e será voltado só para a produção de álcool
A Usina, que teve suas obras iniciadas em 2006, só estará concluída em 2010, mas já nesse ano fará sua primeira moagem, com o processamento previsto de 1,2 milhão de toneladas de cana-de-açúcar. De acordo com o presidente do Grupo São Martinho, o projeto está orçado em aproximadamente R$ 700 milhões, deve gerar cerca de 1.800 empregos diretos e será voltado exclusivamente para a produção de álcool. O grupo ja conta com uma parceria com a multinacional japonesa Mitsubishi, que em 2007 adquiriu 10% da usina, se obrigando a comprar 30% do álcool produzido pela unidade, durante os próximos 30 anos.
Expectativas
João Guilherme Ometto, que também é 2º vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), admite que a pressão ambientalista internacional incomoda o setor sucroalcooleiro, mas argumenta que é preciso se aprender a conviver com esses movimentos, como faz hoje a cadeia da carne. Segundo ele, há objeções que decorrem de preocupações ambientais genuínas, “mas há também o movimento de lobies, com o do petróleo e grandes empresas de alimentos, que apenas tentam criar barreiras comerciais para o estanol brasileiro.”
O presidente do Grupo São Martinho acrescenta, entretanto, que a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Única) já está desenvolvendo uma campanha informativa e educativa para mostrar à opinião pública internacional que o álcool de cana é diferente do álcool de milho, pois não impacta diretamente a produção de alimentos. Ele assegura, porém, que não obstante as pressões ambientalistas, principalmente da União Européia, o mercado do etanol ainda não foi significativamente afetado.
“Até porque, o programa brasileiro do álcool é essencialmente baseado no mercado interno, embora o setor tenha grande interesse em parcerias internacionais”, diz João Guilherme Ometto. Quanto às pressões internas, como as que sugerem limitações legais para a cultura da cana-de-açücar, o empresário diz que concorda com orientações e até com um eventual zoneamento para a cultura, mas diz que é preciso muito cuidado para que essas iniciativas não impliquem em obstruções à liberdade econômica. Ele prevê, entretanto, que de agora em diante haverá “uma tendência de arrefecimento do ímpeto para o plantio de cana”
O presidente do Grupo São Martinho informou que, paralelamente à implementação das obras da Usina Boa Vista, a empresa também está investindo na construção de um porto fluvial em São Simão, por onde pretende escoar parte da produção de etanol. Ele reclama, entretanto, que a iniciativa privada não tem segurança para avançar nesse tipo de investimento, porque faltam marcos regulatórios. “Não se sabe que normas podem ser editadas para regular a questão do transporte de álcool por barcaças, como queremos fazer pela Hidrovia Paraná– Tietê.”
Biodiesel
O presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool (Sifaeg), André Rocha, também não manifesta grandes apreensões com as pressões da União Européia, argumentando que o bloco importa muito pouco álcool do Brasil.
Além do mais, segundo ele, a grande preocupação dos europeus são mesmo de ordem comercial e sobretudo com relação ao biodiesel e não ao etanol. “Eles fizeram uma opção equivocada pelo óleo de canola, produto nobre que o consumidor europeu não se conforma em perder e que não terá como concorrer com o biodiesel brasileiro.”