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Usinas antecipam planos de exportação para 2004


Preocupadas com os rumos das cotações internacionais de açúcar, que acumulam desvalorização de quase 20% neste ano, as usinas brasileiras já começaram a colocar em prática o planejamento de seus negócios para 2004. Empresas de médio e grande porte estão antecipando a fixação de preços das exportações de açúcar a partir de maio do próximo ano, comprometendo, até o momento, pelo menos 30% dos volumes que serão negociados ao longo da safra 2004/05.

No mesmo período do ano passado, boa parte das usinas não tinha feito operações antecipadas de hedging. À época, as empresas apostavam na valorização dos preços internacionais em 2003. A estratégia revelou-se amarga para a maioria dos empresários, que iniciaram a safra, em maio último, com menos de 50% dos negócios comprometidos, volume considerado pequeno por especialistas ouvidos pelo Valor.

"Esse hedging antecipado para a safra 2004/05 mostra a preocupação das usinas do setor com os preços internacionais a partir de 2004", reforça Júlio Maria Martins Borges, diretor da Job Economia e Planejamento.

"Em um momento de preços baixos, não dá para ficar especulando", diz Pedro Mizutani, diretor do Grupo Cosan, maior companhia individual do setor no país. Com exportações de quase 2 milhões de toneladas por safra, a companhia já tem negócios fixados para entrega a partir de maio, julho e outubro de 2004.

Os executivos do setor acreditam que, em 2004, os preços externos deverão oscilar de 5,5 centavos a 6,5 centavos de dólar por libra-peso na bolsa de Nova York, com o dólar em torno de R$ 3,20.

Na Açucareira Corona e nas duas usinas do empresário Luiz Guilherme Zancaner, já há negócios fechados também para 2005 e 2006. "Já tenho 60% dos meus volumes fixados até agora para a próxima safra. Até o final do ano, comprometerei 70% das exportações", adianta Zancaner.

Com produção estimada em aproximadamente 18,5 milhões de toneladas de açúcar no Centro-Sul do país na atual safra, as usinas amargam, no momento, pesados estoques, o que tem ajudado a pressionar as cotações.

"As usinas seguraram o produto apostando em uma maior demanda, que acabou não se concretizando", diz Salmeron Ratsbone, operador de açúcar da União Corretora. "A estratégia de retenção de açúcar feita pelas usinas pode pressionar as cotações do produto no mercado interno durante a entressafra, de dezembro a abril".

Segundo Ratsbone, algumas usinas começaram a desovar parte de seus estoques para evitar uma entressafra mais coberta. "Se as usinas não começarem a reduzir seus estoques, teremos uma entressafra amarga, com os preços baixos." Neste ano, a saca de 50 quilos do açúcar chegou a bater R$ 49 entre janeiro e abril. Até ontem, as cotações estavam abaixo dos R$ 22, desvalorização de 55% desde o início da safra.

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