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Usinas reduzem lavoura para conter oferta de cana

Os atuais preços do açúcar e álcool vão fazer com que as usinas do Oeste de São Paulo cheguem a 2009 com ociosidade de 15% na moagem


Os atuais preços do açúcar e álcool vão fazer com que as usinas do Oeste de São Paulo cheguem a 2009 com ociosidade de 15% na moagem de cana-de-açúcar. No próximo ano, a renovação e expansão dos canaviais não vai acompanhar o aumento da capacidade instalada. Em 2009, as usinas estarão prontas para moer 160 milhões de toneladas - hoje são 130 milhões de toneladas -, resultado da maturação dos investimentos já iniciados. Mas, a colheita deve atingir 140 milhões de toneladas de cana, 20 milhões de toneladas a menos que a capacidade.

"O plantio do canavial que será colhido em abril de 2009 já está sendo mais comedido. Não será menor que a colheita de 2008, mas também não crescerá no ritmo que estava vindo", diz José Carlos Toledo, presidente da União das Usinas do Oeste Paulista (Udop). A região é considerada a da "nova cana" e abriga municípios mais recentes na atividade que a tradicional região de Ribeirão Preto. "Todos os investimentos anunciados nos últimos meses foram para essa região", completa Toledo.

Os baixos preços do açúcar e do álcool também desanimam produtores de outras regiões sucroalcooleiras em Minas Gerais e no Paraná. O clima é de reduzir o crescimento da expansão da área que seria cultivada de dezembro a maio, e que teria sua primeira colheita em abril de 2009.

No Oeste Paulista, a colheita de 140 milhões de toneladas em 2009 representa crescimento em relação às 135 milhões previstas para 2008. No entanto, o aumento de 3,7% é inferior ao avanço de 18% de 2006 para este ano, quando o volume subiu de 106 milhões de toneladas para 125 milhões, segundo Toledo.

Ismael Perina, presidente da Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul (Orplana), avalia que a tendência é de recuo e também de menor uso de tecnologia e insumos no canavial. Ele diz que os associados previam um plantio 10% maior no próximo período, estimativa que não deve ser atingida. "Em 2006, foram colhidas entre os associados da Orplana 68 milhões de toneladas a preços médios de R$ 52 a tonelada . Na safra 2007/08, a previsão inicial é de 73 milhões de toneladas, a R$ 33. Haverá redução. Só não conseguimos estimar neste momento de quanto", completa Perina.

No Paraná, estima-se um recuo de 50% nos projetos de ampliação de novas áreas novas e renovações, segundo Anísio Tormena, presidente do Sindicato da Indústria de Açúcar e Álcool do Paraná. O estado é segundo produtor de cana no País, com moagem de 40 milhões de toneladas. Ele não soube precisar exatamente o que isso significa em números absolutos. Em sua usina, por exemplo, o plano era ampliar a capacidade de moagem de 3 milhões de toneladas para 3,5 milhões, aumentando também a área em mais 7,2 milhões de hectares. "Mas, resolvemos esperar a turbulência passar. Vamos ampliar somente 2,4 milhões de hectares e manter a mesma capacidade industrial".

Para Mário Silveira, consultor de gerenciamento de risco da FCStone, o movimento de recuo na atividade pode contribuir para que os usineiros acabem não aproveitando um cenário melhor que pode ocorrer em 2009. "O ano de 2008 ainda será difícil. Mas 2009 poderia ser um ano para imaginar um mercado um pouco melhor", analisa. Para Silveira, o mercado de futuros hoje está indicando preços do açúcar para de maio 2009 de 10,60 centavos de dólar por libra-peso, que remunerariam os investimentos feitos.

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