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Uso do etanol na indústria química amplia perspectivas para setor

Empresa PHB Industrial procura parceiros comerciais para produzir bioplástico biodegradável feito de cana


Empresa PHB Industrial procura parceiros comerciais para produzir bioplástico biodegradável feito de cana

A produção cada vez maior de etanol para as indústrias químicas e farmacêuticas já movimenta no País um volume superior a 1,5 bilhão de litros por ano, demanda que poderá quintuplicar em 2015, atingindo 5% da produção brasileira. Neste cenário, o mercado brasileiro de bioplásticos é o que apresentará o maior crescimento, segundo projetou a representante da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) para a América do Norte, Letícia Phillips, durante o simpósio “Biopolymers Summit”, realizado entre os dias 15 e 17 de outubro na cidade de San Antonio, no Texas (EUA).

“Para se ter uma idéia desta expansão, a Coca-Cola vai construir em Araraquara, no interior de São Paulo, a segunda fábrica no mundo capaz de transformar polímeros feitos a partir do etanol de cana nos bioplásticos utilizados em suas garrafas PET, chamadas ‘PlantBottle’,” observou Phillips durante o painel “Sustainable Feedstocks” (“Matéria-Primas Sustentáveis”, em português), realizado na terça-feira (16/10).

A única planta industrial em atividade capaz de converter biopolímeros em plástico renovável fica na Índia. A nova unidade brasileira, que será construída pela empresa indiana JBF Industries, deve começar a operar em 2015 e terá capacidade de produzir até 440 mil toneladas de bioplástico por ano.

Em sua apresentação, a representante da UNICA também lembrou que o Brasil também já domina todo o processo produtivo de embalagens de origem vegetal. Phillips citou a empresa brasileira Braskem, controlada pelo Grupo Odebrecht, que é referência mundial na fabricação dos biopolímeros, tecnicamente conhecidos como polietileno ‘verde’, que posteriormente são convertidos em bioplásticos utilizados na proporção de 30% nas garrafas “PlantBottle”. A participação da UNICA no no simpósio americano foi possível graças à da entidade com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), que vigora desde 2008.

“Por ano, utilizando 325 milhões de litros de etanol, a Braskem produz mais de 200 mil toneladas do produto, que em 2010 começou a ser adotado em embalagens de marcas ligadas principalmente aos segmentos alimentício e higiene pessoal, inspirando-se no que fez a Coca-Cola um ano antes. Os principais exemplos são TetraPak, Heinz, Nestlé, Procter & Gamble, Dow-Mitsui e AT&T,” revelou Phillips.

O sucesso foi tanto que a tecnologia vem sendo gradativamente incorporada por outros setores, como é o caso mais recente da indústria automotiva e de vestuário. No evento de San Antonio, representantes da Goodyear, Ford e Nike ressaltaram a crescente utilização de polímeros renováveis na produção de têxteis, espuma para bancos de carros, borracha e até assentos esportivos. Neste último caso, foi destacada a experiência conduzida em agosto deste ano no estádio do Morumbi (SP), onde foram montadas 12 cadeiras fabricadas a partir do plástico renovável produzido pela Braskem a partir do etanol de cana-de-açúcar.

Expansão da demanda

Para dar uma dimensão do potencial de crescimento do mercado de bioplásticos no Brasil, Phillips apresentou um levantamento feito pela UNICA com base nos planos da Coca-Cola de utilizar 100% de bioplástico oriundo do etanol para fabricar suas garrafas PET. Projeções mostram que cada lote de 10 milhões de garrafas “PlantBottle” com capacidade para dois litros exige a utilização de 68 mil litros de etanol. “Se o conteúdo de matéria-prima de cana passar de 30% para 100%, a demanda pelo biocombustível poderá atingir 227 mil litros para cada lote,” explicou.

Este aumento na demanda também beneficiará o meio ambiente, já que o etanol usado em substituição ao petróleo proporciona um corte nas emissões de dióxido de carbono (CO2) de aproximadamente 550 toneladas por lote de 10 milhões de garrafas. Essa redução equivale ao que seria possível absorver da atmosfera, em um ano, com o plantio de 78.540 árvores nativas, destacou Phillips, lembrando que cada tonelada de plástico renovável reduz a emissão de CO2 em até 2,5 toneladas, enquanto cada tonelada do plástico convencional derivado do petróleo lança 4,9 toneladas de CO2 na atmosfera.

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