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Vai de etanol ou gasolina?

Com a alta no preço da gasolina, etanol poderá ser a primeira opção de combustível



Em Fortaleza, desde janeiro, o combustível mais consumido do País, a gasolina, oscila de preço: R$ 2,57, R$2,69, R$ 2,74, R$2,89 e agora, já em alguns postos, R$ 2,99. Inevitavelmente, para quem tem veículo flex, o valor faz donos a olhar com mais atenção para uma outra bomba, a de etanol (álcool).

Fomos atrás de especialistas e perguntamos à queima roupa: "E aí, será mesmo que vale a pena?"

Em relação à manutenção e desgaste de peças dos carros com motor bicombustível, as montadoras garantem que não há diferenças perceptíveis ou problemas gerados no abastecimento para qualquer proporção álcool-gasolina. Ou seja, há muitas histórias de pessoas que se dizem entendidas no assunto, que contam que é melhor para o carro ser abastecido por gasolina que a etanol, ou ainda que o carro se acostuma com um dos combustíveis, ou até mesmo que se você coloca constantemente etanol, você deverá abastecer algumas vezes com gasolina porque o etanol não é tão "bom" quanto a gasolina. Todas essas lendas não procedem completamente.

Segundo especialistas do meio, para quem tem veículo de passeio, o mais importante a considerar quando for abastecer o seu automóvel é a diferença de preços, já que o consumo de etanol é um pouco maior que o consumo de gasolina pelo mesmo motor.

"Em média, os carros leves (automóveis de passeio) mais utilizados nas ruas consomem 30% a mais com etanol do que com gasolina, percorrendo a mesma distância", revela Edilson Pinto, chefe de oficina da Belfort - uma das concessionárias Peugeot, em Fortaleza.

Para o profissional, mesmo o etanol não sendo economicamente vantajoso, se você tem um veículo que aceita os dois combustíveis, o álcool, diante da gasolina, serve para limpar alguns componentes do motor.

"Se você é acostumado a encher o tanque só de gasolina, pelo menos uma vez por mês, é necessário colocar álcool, já que este combustível transparente tem a função de limpeza.

"Uma vez por mês, se você coloca R$ 60,00 toda a semana, reserve uma para colocar R$ 40,00 e R$20,00 de etanol. Garanto que seu motor agradecerá", aconselha o profissional.

Para Carlos Tenório, economista, em relação ao preço, há uma maneira simples de calcular se vale mais a pena realmente abastecer com álcool ou gasolina nos postos.

Fazendo as contas

"Multiplique o valor da gasolina no posto de combustível por 0,7. Se o resultado da multiplicação for maior que o valor do etanol, vale abastecer com este combustível. Se o resultado for menor que valor do álcool, abasteça mesmo com a gasolina.

Vamos para o exemplo: Se a gasolina custa R$ 2,99 num posto e o etanol custa R$ 2,49, multiplicando 2,99 (valor da gasolina) x 0,7 temos o resultado 2,09 que é menor que 2,49 (valor do álcool). "Neste caso, sem dúvida, é bem melhor abastecer com gasolina já que os números não mentem".

Se o valor da multiplicação (gasolina X 0,7) estivesse acima de 2,49 (valor álcool) valeria mais a pena abastecer com álcool.

Dividindo

Se o litro do álcool custa R$2,49 e o da gasolina custa R$ 2,99, dividimos o primeiro pelo segundo. Resultado: 1,20 (maior que 0,70). Nesse caso, também não compensa abastecer com álcool.

Para o profissional, esta é a maneira mais simples de decidir em poucos instantes o que é melhor para seu bolso quando for abastecer seu carro.

Fique por dentro

Por que o etanol não vinga?

Da plantação da cana-de-açúcar ao tanque de combustível, o etanol ainda não é vantajoso para ninguém. Além da carga tributária e custos de produção e logística, o setor mostra-se incomodado com os incentivos dados à gasolina, segurado artificialmente pelo Governo Federal por meio da Petrobras, uma forma de conter a inflação.

Atualmente, abastecer com etanol só vale a pena em São Paulo, Mato Grosso e Goiás, que estão entre os cinco maiores produtores nacionais. Origem de cerca de metade de todo o etanol brasileiro, com a escala barateando a produção, São Paulo o vende ao menor preço no Brasil, R$ 2,40 por litro na bomba.

A alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço (ICMS) também tem impacto direto, de acordo com o Sindicato dos Distribuidores de Combustíveis (Sindicom). Para se ter uma ideia, São Paulo tem alíquota de 12% sobre o etanol. No Ceará, nosso estado, ela é de 25%. A mais de 2 mil quilômetros do principal fornecedor, o combustível custa, em média, R$ 2,90 no Ceará. A logística é fator determinante no preço do produto, transportado por terra. Para donos de postos, a faixa de remuneração é muito estreita e também é complicada para os produtores locais, cuja menor escala de produção a encarece. Para competir com a gasolina, há quem afirme abrir mão do lucro.

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