Os produtores de frutas do Vale do Submédio São Francisco estão investindo na redução do uso de agrotóxicos para atender às exigências dos importadores da União Européia (UE). Na semana passada, o consultor holandês André de Kok, do Inspectorate for Health Protection, de Amsterdã, fez palestra sobre o tema para cerca de 20 empresários do Vale, no Instituto Tecnológico de Pernambuco (Itep).
Apesar de o Brasil não figurar na lista dos países com maior índice de resíduo de agrotóxicos nas frutas, algumas regiões produtoras ainda precisam se adequar ao limite estipulado pela UE. Segundo o consultor holandês, o índice de resíduo de agrotóxico permitido é de 0,05 mg/kg.
Dentre as frutas analisadas pelo Instituto, a uva e a manga são as que mais ultrapassam a média. No caso da manga o índice é de 1,30 mg/kg, contra 2,0 mg/kg na uva. O melão (0,70 mg/kg) e o mamão (0,46 mg/kg) apresentam o menor volume de resíduo. ´Mesmo com esses índices, o Brasil ainda está bem atrás de países como Itália, Espanha, Grécia, Turquia e Tailândia´, compara.
De Kok diz que o objetivo do Instituto é orientar os exportadores de frutas sobre o limite de resíduo permitido e os tipos de agrotóxicos que são aceitos pela União Européia. ´Ao longo dos últimos dois anos os produtores brasileiros estão demonstrando maior preocupação com o assunto´, observa o consultor, lembrando que a Holanda é o maior entreposto comercial da Europa, funcionando como porta de entrada para cerca de 90% das frutas que desembarcam no Velho Continente.
A Europa é a maior importadora das frutas do Vale do São Francisco. Das 96 mil toneladas de manga exportadas pela região no ano passado, 60% seguiram para a UE. No caso da uva, a importância do continente é ainda maior, respondendo por 95% das vendas do pólo Juazeiro/Petrolina. O Vale é responsável por 86% de toda a manga exportada pelo Brasil e por 95% da uva embarcada para o exterior.
De olho no potencial exportador do Vale do São Francisco, há seis anos o Itep decidiu focar a atuação do seu antigo laboratório de toxologia (LabTox) na análise de resíduos de agrotóxicos. A coordenadora do laboratório, Adélia Araújo, explica que a proposta é antecipar o trabalho realizado pelo Inspectorate for Health Protection antes da fruta chegar à Holanda.
Atualmente o LabTox realiza uma média de 100 amostras de frutas/mês. O laboratório é único do Brasil no segmento a contar com credenciamento do INMETRO pelo ISO/IEC 17025, que atesta a qualidade dos produtos no mercado internacional. ´Também somos credenciados pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelo Ministério da Agricultura, que garante nossa atuação no mercado interno´, completa Adélia.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Associação dos Exportadores de Uvas do vale do São Francisco são os principais clientes do LabTox. ´Trabalhamos com as unidades da Embrapa em Cruz das Almas (BA), em Petrolina (PE), e no Ceará, dando fazendo análises de resíduos para o Programa Integrado de Fruticultura (PIF), coordenado pela empresa´, conclui.