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Variante brasileira do Gumboro impacta produção

Estudo avaliou como diferentes vacinas agem no controle da doença


Foto: Pixabay

A Doença de Gumboro ou Doença Infecciosa da Bursa (IBD) é uma enfermidade fortemente presente nas produções de aves, gerando enormes prejuízos econômicos com a mortalidade e diminuição da eficácia do lote. A IBD é uma infecção viral aguda altamente contagiosa das aves jovens, causado por um Birnavírus. Ela é contagiosa e ataca a imunidade das aves.

O vírus costuma se hospedar nas camas dos aviários, o que coloca pressão a cada novo alojamento. Por estar presente no ambiente, a transmissão do vírus acontece de forma horizontal. As aves são infectadas pelo contato direto com matéria orgânica ou equipamentos de uso comum que tiveram contato com animais contaminados. A doença pode, inclusive, sobreviver em períodos de vazio sanitário e após desinfecções.

Esse cenário tem se agravado com a identificação de lotes testados positivos para a cepa G15, variante brasileira do vírus causador da doença. "Não é muito difícil encontrar lotes de animais infectados pela variante brasileira, que é bastante conhecida por causar quadros de imunossupressão e doença subclínica. Essa variante consegue se manter por longos períodos na cama do aviário, muitas vezes resistindo ao tratamento do ambiente e passando de um lote para o outro", informa Eva Hunka, gerente de negócios biológicos da Phibro Saúde Animal.

De acordo com a especialista, que é mestre em medicina veterinária preventiva pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), a cepa brasileira tem alto poder para colonizar a Bursa de Fabricius e se aproveita do período de janela imunológica para infectar os lotes. A Bursa é um importante órgão linfoide primário das aves e sua infecção compromete a produção de anticorpos nos animais.

"Por vezes, não se dá atenção necessária ao problema, tendo em vista que a variante G15 – uma cepa de campo – não causa doença clínica e promove depleção linfoide muito parecida com a de algumas cepas vacinais. Contudo, a depleção – que é uma perda elementos fundamentais – causada pelas cepas de campo, diferentemente das causadas pelas cepas vacinais, não tem regeneração", explica.
A médica veterinária alerta que o quadro de imunossupressão causado pelas vacinas é transitório, enquanto com a G15 passa a ser permanente, o que acaba consumindo recursos energéticos que seriam convertidos em desempenho nas aves. "Estudos já apontaram a inferioridade de resultados zootécnicos em lotes com a cepa brasileira em comparação a não infectados", destaca Eva.

Um desses estudos foi conduzido por José Emílio Dias, assistente técnico da Phibro e mestre em produção sustentável e sanidade de aves e suínos pelo Instituto Federal Catarinense (IFC), e outros seis pesquisadores – entre eles Eva Hunka. O trabalho aborda como as cepas vacinais de vírus vivo são importantes para conter a variante brasileira do vírus causador da Doença de Gumboro. “A vacinação é uma das ferramentas mais eficazes contra a doença. Temos dois tipos de vacinas: as vetorizadas (vírus vivo) e as de imunocomplexo natural (vírus livre). Para comparar selecionamos lotes de frango de corte de uma empresa no Paraná e acompanhamos por seis meses, no ano de 2020”, detalha Dias.

O estudo foi divido em três momentos: no primeiro os lotes foram vacinados conforme o programa padrão da granja com vacina vetorizada, no segundo momento os frangos receberam doses de imunocomplexo natural e no terceiro instante voltaram a receber vacinas vetorizadas. Foram 12 granjas envolvidas no processo. O acompanhamento foi feito por testes de biologia molecular como o PCR, por sorologia e histopatologia. As amostras foram colhidas nos períodos de 18º dia, 24º, 32º e 42º dia de vida da ave. 

“Os resultados mostraram que quase todos os lotes , com exceção de apenas um, tiveram resultados melhores quando vacinados com Mb1 (imunocomplexo natural). Mesmo sendo uma vacina com vírus vivo também não observamos alterações no desempenho zootécnico e desenvolvimento das aves", aponta.

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