A assinatura de contrato com cerealistas e cooperativas para a venda antecipada da soja na safra 2002/2003, feita no ano passado, está tirando o sono de dezenas de agricultores da região de Dourados. É que os produtores assinaram o documento comprometendo-se a receber de R$ 25 a R$ 27 a saca, em março, enquanto os negócios hoje não saem por menos de R$ 37, e algumas empresas têm oferecido até R$ 41, no disponível.
Para discutir essa situação, o Sindicato Rural de Dourados realizará, na próxima quinta-feira, uma reunião solicitada por produtores da região de Indápolis, na tentativa de rever esses contratos futuros. Segundo as estimativas, cerca de 30% da produção de soja na Grande Dourados foram vendidos previamente. Gino José Ferreira, presidente do Sindicato Rural, disse que “a entidade está fazendo o seu papel de mediadora, embora os produtores tenham assinado um contrato com as empresas compradoras. Não sabemos se é possível rever esses contratos, mas vamos ouvi-los e tentar uma saída”.
Para o presidente da Coagri, Nivaldo Krüger, esse debate “não tem fundamento, porque o produtor assinou um documento assegurando a entrega da soja. Nós temos na cooperativa contratos entre R$ 23 e R$ 31 a saca. Essa operação tem seus riscos e o agricultor sabia disso quando assinou. Se entrarem na briga jurídica, vão desmoralizar o sistema. Não há como mexer nisso”.
“Quando eles assinaram o contrato, o negócio era bom. Compraram seus insumos para a safra em reais e o custo da produção era mais baixo”, frisou ontem Krüger. “E se o contrato fosse de R$ 35? Eles iriam reclamar?”, questionou, citando que qualquer desrespeito aos termos do acordo poderá resultar no arresto judicial da soja, onde ela estiver depositada. Somente a Cooagri tem cerca de dois milhões de sacas de soja vendidas no mercado-futuro nesta safra.