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Vendas crescem, apesar da crise

Em janeiro, os negócios com tratores bateram recorde, superando 2004, o "período de ouro" do setor



As vendas internas de máquinas agrícolas atropelaram os prognósticos pessimistas e mantiveram o ritmo de crescimento no primeiro mês de 2009. A situação poderia ser ainda melhor se países como Argentina e Brasil, dois grandes produtores de grãos, não tivessem sofrido com a estiagem em algumas regiões - o que reduziu a perspectiva de produção e, consequentemente, a venda de colheitadeiras tanto no mercado doméstico como no de exportação. A indústria, por sua vez, observa que o maior volume de negócios não reflete um cenário positivo para o setor porque as vendas estão concentradas em tratores de baixa potência, subsidiados por programas federais e estaduais.

Conforme informações da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em janeiro foram vendidos 3,1 mil itens, incremento de 7% na comparação com o ano anterior. Período, inclusive, que os negócios com tratores bateram recorde, superando 2004, o "período de ouro" do setor. Neste primeiro mês de 2009, o volume de tratores de rodas negociados cresceu 17,7% e atingiu 2,39 mil unidades. Milton Rego, vice-presidente da Anfavea e diretor de relações externas da Case New Holland (CNH), ressalta que esse crescimento não reflete a vitalidade real do setor. "O crescimento do mercado pode oferecer algumas conclusões precipitadas. A única coisa que está sendo comercializada são os produtos para os programas governamentais", esclareceu o diretor.O executivo revela que esse mercado cresce de maneira supreendente e observa que é exatamente o oposto do que acontecia no ano passado. "Nesse período, os negócios estavam concentrados em produtos de alta potência, destinados a agricultura empresarial. No entanto, a escassez de crédito diminuiu o poder de compra dos grandes produtores", completa.

Para os representantes dos trabalhadores, as demissões no setor foram feitas precipitadamente. Alcindo Kempfer, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Horizontina (RS), revela que a justiça local concedeu o pedido de revisão das demissões na região. Na região , funciona uma fábrica de colheitadeiras da John Deere. "Agora vamos negociar para evitar que o volume dos demitidos seja muito expressivo". No município, foram demitidos pouco mais de 500 funcionários. Segundo o representante, entre as propostas estão a suspensão do contrato de trabalho com uma bolsa de qualificação e a redução da jornada e dos salários.

A assessoria da John Deere confirmou a negociação com o sindicato, porém observou que as vendas de colheitadeiras tiveram forte redução no último mês, fato que teria motivado as demissões. Segundo a Anfavea, foram vendidas 313 unidades no período, queda de 27% em relação ao ano anterior. Gilberto Zago, vice-presidente da Anfavea, disse que o mercado de colheitadeiras seria um pouco melhor se não tivessem ocorridos problemas climáticos no Brasil. "Esperávamos um cenário melhor. Mas como a estiagem no País atingiu justamente o período da colheita, será necessário esperar até o final do ano para ver como ficará o volume vendido. Segundo disse, os negócios com colheitadeiras ficam concentrados nos últimos meses de um ano e no início do seguinte.

Por causa da seca, as exportações de máquinas também despencaram em janeiro. O principal mercado das indústrias é a Argentina. Por lá, a pior seca dos últimos 50 anos reduziu drasticamente a expectativa da colheita de grãos. De acordo com a Anfavea, os embarques despencaram 53%, para 916 unidades. Milton Rego explica que a valorização do dólar pode compensar as vendas externas. Mas lembrou que para conquistar novos mercados é necessário um período longo.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 9)
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