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Vendas de máquinas agrícolas podem ter queda no ano

Os fabricantes podem esperar um crescimento mais modesto para 2013


Após um 2012 com cenário atípico no agronegócio brasileiro, com elevada capitalização decorrente da supersafra brasileira e dos altos preços internacionais, ao longo deste ano os produtores agrícolas do País não terão a mesma bala na agulha para investir em avanços tecnológicos, como em máquinas e implementos. 


Por isso, os fabricantes de bens de capital agrícolas podem esperar um crescimento mais modesto até o fim do ano, afirmou ao DCI Gilberto Zancopé, que assumiu ontem a presidência da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA), da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), durante a abertura da 20ª edição da Feira Internacional de Tecnologia Agrícola (Agrishow), em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, que prossegue até sábado.

Em 2012, as vendas do setor cresceram 13%, reflexo do bom momento que vive o campo. Além disso, com a seca que derrubou a safra de grãos nos Estados Unidos no ano passado, os preços das commodities dispararam e garantiram uma renda polpuda para os agricultores brasileiros e para toda a cadeia produtiva relacionada.

Embora a Abimaq ainda não tenha os dados consolidados do primeiro trimestre, Zancopé garantiu que os bons ventos continuaram soprando no começo de 2013. "Nosso setor vive da renda dos agricultores. Quando eles estão bem, a gente vai bem".

Já o movimento observado nesse começo do segundo trimestre indica que haverá uma freada nos preços do mercado de commodities agrícolas, que pode levar a um crescimento "mais modesto", entre 5% e 10%, segundo o novo presidente da CSMIA. "O ambiente em que estamos entrando agora é de cálculos e planejamentos para o próximo plantio", disse Zancopé. "Os próximos meses serão influenciados por expectativa de plantio da próxima primavera, de agosto a setembro, com previsão de rentabilidade menor, por conta dos preços menores e normalidade do clima [nos Estados Unidos]", explicou o novo presidente da Câmara Setorial.

O crescimento deve continuar sendo sustentado pelos produtores de milho e soja, que juntos abocanham 80% das vendas de máquinas e implementos agrícolas no País.

A preferência, segundo Zancopé, tem sido pela renovação das frotas com vistas a máquinas com alta tecnologia e equipamentos eletrônicos embarcados. Uma tecnologia específica que está começando a ser desenvolvida e que deve ter alta demanda nas próximas safras de grãos é a de distribuidores de fertilizantes, máquinas específicas que aplicam os produtos de acordo com taxas variáveis do solo e que permitem que as plantadeiras ajam com mais agilidade, realizando o plantio sem a necessidade de aplicação concomitante de fertilizantes.

O novo líder da CSMIA afirmou que também há espaço para aumentar as vendas de colheitadeiras de café, cultura ainda pouco mecanizada no País. Com o crescimento dos custos da mão de obra, a proporção de produtores que deve aderir ao uso de máquinas deve ultrapassar os atuais 36%.


Canavieiros descapitalizados


Por outro lado, Zancopé acredita que os fabricantes não devem contar muito com a demanda do setor sucroalcooleiro neste ano. Apesar de entrar em vigência já em 2014 a proibição da queima da palha da cana-de-açúcar, obrigando à mecanização dos canaviais, o setor está bastante descapitalizado e a maior parte dos produtores já adquiriu as máquinas necessárias para se adequar à nova lei.

Além disso, como os custos de produção têm reduzido a competividade do açúcar brasileiro, os agricultores têm preferido estender o canavial por mais tempo para adiar o gasto com o replantio e, consequentemente, protelando a aquisição de novas máquinas, indicou o presidente da câmara setorial.

Apoio governamental

Além de apostarem no aumento da demanda, Zancopé ressaltou a importância do Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2013/2014, que deverá prever linhas de crédito para o setor e normas para contratação do seguro rural, e deve ser anunciado pelo governo federal até o começo de junho.

Zancopé engrossou a defesa já feita pela senadora Kátia Abreu (PSD), presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), de que o próximo PAP tenha uma vigência para além dos 12 meses.

"Nosso segundo semestre vai ser mais duro neste ano. O setor de máquinas agrícolas é o único que cresce na Abimaz. Mudar isso seria colocar o setor em decréscimo [junto com] com outros", alerta Zancopé.

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