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Volatilidade atrasa comercialização da soja no Brasil

Até o dia 20 de agosto os produtores tinham vendido 13% de uma produção estimada em 64,14 milhões de t


A comercialização da safra de soja 2008/09 do Brasil está bastante atrasada em relação ao ano passado, devido à intensa volatilidade nos mercados futuros, o que leva as tradings a se retraírem nos momentos de pico de preços e, de outro lado, afasta os produtores do mercado nos momentos de baixas acentuadas, avaliou nesta quinta-feira a Agência Rural.

Segundo a consultoria, que divulgou a sua primeira estimativa de comercialização da próxima safra, até o dia 20 de agosto os produtores brasileiros tinham vendido 13% de uma produção estimada pela Agência Rural em 64,14 milhões de toneladas.

O percentual das vendas apurado até quarta-feira indica um atraso em relação ao ritmo de negócios registrados na mesma época do ano passado, quando o Brasil já havia comercializado 27% de sua safra de 59,84 milhões de toneladas.

"Agora o mercado voltou a subir, vamos ver se nos próximos dias a comercialização avança um pouquinho. Está muito atrasado, realmente assusta", declarou o analista da Agência Rural Fernando Muraro.

A soja chegou a atingir o limite de alta de 70 centavos nesta quinta-feira.

"O drama é que quando está muito alto a trading não compra, quando está muito baixo o produtor não vende", acrescentou o consultor.

Produtores tradicionalmente vendem parte de sua produção antes mesmo do início do plantio, para levantar recursos para os trabalhos no campo.

A semeadura deve começar em meados de setembro nos Estados do Centro-Oeste.

Com um volume maior vendido antecipadamente, produtores têm maiores condições de ampliar a área plantada e de investir na aplicação de insumos.

Mas a expectativa é que o nervosismo climático em relação à safra dos EUA, o chamado "weather market", continue pelos próximos 30 dias, até uma definição mais clara das produtividades que poderão ser atingidas nas lavouras de soja e milho americanas.

Segundo Muraro, o mercado deve "achar um meio termo" nos preços nos próximos 30 dias para avançar na comercialização, após o mercado climático nos EUA.

"Isso (o mercado climático) deve durar mais 30 dias pode ser tarde para estimular o plantio no Brasil", ponderou.

Muraro explicou que os produtores, especialmente do Centro-Oeste, têm reduzido interesse em comercializar quando os preços caem porque o custo de produção, com a forte alta dos fertilizantes, subiu muito.

Mato Grosso
De acordo com a Agência Rural, quando o mercado se aproximou no início de agosto de 12 dólares por bushel em Chicago - após atingir um recorde superior a 16 dólares no início de julho -, a lucratividade ficou negativa em Mato Grosso.

"Estamos falando em Mato Grosso de um custo de US$ 850, US$ 900 por hectare tem gente que não está dormindo à noite", afirmou ele, destacando que "o mais estressante de tudo isso é o Cerrado, com seu mais alto custo da história".

No ano passado, o custo médio de produção de Mato Grosso, o principal Estado produtor de soja do país, foi de US$ 550 por hectare.

Até 20 de agosto, Mato Grosso havia comercializado 24% da safra estimada, contra 42% na mesma época do ano passado.

O Paraná, o segundo produtor de soja do Brasil, havia vendido apenas 8%, contra 30% para esta época em 2007.

No Rio Grande do Sul, o terceiro Estado da soja, que tradicionalmente comercializa sua safra mais lentamente, havia comprometido 4% da produção futura, contra 5% em 2007.

Em Goiás, os sojicultores venderam, segundo a Agência Rural, apenas 12% da safra, ante 25% há um ano.

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