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Volatilidade do dólar afeta produtor e setor de transportes


O movimento de alta e baixa na cotação do dólar tem impacto direto no lucro do agricultor, através dos custos da produção, e no rendimento de quem trabalha no setor de transportes.

Para a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), o produtor é o que mais tem sofrido nas últimas safras com a volatilidade do dólar.

As razões disso foram elencadas pelo diretor administrativo da Aprosoja, Carlos Fávaro. Segundo disse em entrevista a um veículo de comunicação da capital, o dólar baixo afeta, principalmente, aqueles que estão localizados em regiões mais distantes dos portos de escoamento, como os do Centro-Oeste do país.

O frete fica “mais caro ou mais barato”, diz Fávaro, dependendo da variação do câmbio. “Com o dólar a R$ 2, o produtor vai pagar R$ 7 por saca até ao porto. Com o dólar a R$ 1,70, ele paga R$ 10. O momento exige muita cautela, pois ninguém sabe ao certo o que ainda irá acontecer daqui para frente”, alertou.

A cadeia de incertezas e prejuízos, portanto, não se limita à renda desses empresários do campo.

Segundo apurou o ExpressoMT, a falta de estabilidade do dólar – com tendência para queda –, afeta também o setor de transportes, pois a categoria de caminhoneiros sente dificuldade em repassar para o frete o aumento dos preços estabelecidos para o combustível, peças, pneus – enfim, nos itens pertinentes à manutenção dos seus veículos.

O resultado tem sido um só. Segundo Celso Krein, da CK Transportes de Lucas do Rio Verde (MT), a classe de caminhoneiros, faz tempo, vem trabalhando no vermelho.

Sem mencionar as perdas em função da precariedade das rodovias, os prejuízos são verificados principalmente porque o preço do frete é tabelado.

Segundo o Krein, o valor da viagem não é regulado pela categoria, e sim pelas próprias multinacionais que contratam os serviços dos motoristas.

“As transportadoras hoje em dia são reféns das multinacionais”, explicou, à reportagem do ExpressoMT. Outro ponto que colabora neste descompasso, segundo informou o empresário, é que as transações comerciais verificadas no setor são unilaterais.

“Os caminhoneiros não são organizados, não possuem um sindicato, não elaboram uma tabela de preços”, revela.

A concorrência entre eles, acirrada sobretudo nos períodos de entresafra, faz com que a categoria passe a ser regida pela lei de (muita) oferta e (pouca) procura, eliminando as chances de melhora na lucratividade deste segmento.

Em meio aos percalços, comenta Krein, o período de colheita agrícola passa a ser um alívio para os caminhoneiros, aumentando as chances de negócios mais polpudos.

“Não existe parâmetro para o preço do frete. Hoje a quantidade de caminhões é muito grande. Para saber o quanto o setor é desorganizando, basta dizer que não existe nenhum levantamento sobre o número de trabalhadores do setor”, justificou o empresário.

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