Controle biológico de lagartas ganha força no milho
O crescimento é nítido

O mercado brasileiro de controle biológico para lagartas do milho vive um momento de consolidação e crescimento acelerado, impulsionado pela adoção de tecnologias mais sustentáveis e eficazes no manejo de pragas. Dados do levantamento FarmTrak milho 2025, da consultoria Kynetec Brasil, mostram que o uso de bioinseticidas no país alcançou uma nova escala, refletindo a transição de produtores para soluções baseadas em microrganismos naturais, em resposta à resistência crescente de pragas às moléculas químicas tradicionais.
Segundo o estudo, a área tratada com produtos voltados ao controle de lagartas na safrinha — o segundo ciclo do milho — aumentou 86% em apenas um ano, passando de 22,5 milhões para 42 milhões de hectares em 2025. Mesmo com a área cultivada praticamente estável, entre 16 e 17 milhões de hectares, o avanço expressivo indica uma clara mudança na estratégia de manejo adotada pelos agricultores. O segmento biológico, que representava apenas 2% do valor total do mercado de inseticidas para lagartas em 2022, já responde por 7% em 2025 — um crescimento quase quatro vezes maior em apenas três safras.
A pressão de pragas lepidópteras, especialmente da Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho), continua sendo um dos principais desafios nas lavouras de milho. Com a redução da eficácia de tecnologias transgênicas e de inseticidas químicos, produtores têm recorrido cada vez mais a soluções biológicas à base de vírus e bactérias específicas, que atuam de forma seletiva e segura, preservando inimigos naturais e reduzindo resíduos no ambiente.
O levantamento da Kynetec também revela diferenças regionais importantes. O estado de Mato Grosso concentra 62% das vendas totais de inseticidas — biológicos e químicos — voltados ao controle de lagartas, seguido por Goiás (12%) e Maranhão (7%). O aumento do número de aplicações, que chegou a dobrar em algumas regiões, reforça a necessidade de programas integrados de manejo, combinando diferentes ferramentas de controle.
Um exemplo prático
Entre as empresas que mais se destacam nesse avanço está a AgBiTech, que alcançou 50% de participação no mercado de biocontrole de lagartas do milho em 2025, segundo a Kynetec. O desempenho é impulsionado pelo bioinseticida Cartugen®, à base de baculovírus, que se consolidou como o produto biológico mais utilizado na safrinha e o oitavo entre todos os inseticidas do mercado.
Segundo Pedro Marcellino, diretor de marketing da AgBiTech Brasil, a liderança da companhia reflete a eficiência de suas soluções e o fortalecimento do Brasil como referência global em tecnologias sustentáveis para o manejo de pragas agrícolas. “Até cerca de 2020, o manejo de lagartas dependia principalmente do uso de inseticidas em pequena escala”, comenta.
“Mas, à medida que as características biotecnológicas e os produtos químicos convencionais perderam eficácia, as ferramentas biológicas tornaram-se estratégicas para os produtores. Nossa posição reflete a confiança construída ao longo do tempo por meio de resultados tangíveis no campo”, conclui.