Água dura: o inimigo invisível que reduz a eficiência
A água dura contém altos níveis de cátions multivalentes

A qualidade da água utilizada nas pulverizações pode reduzir a eficiência de até 50% dos defensivos aplicados, segundo Diogo Paiva, engenheiro agrônomo. A chamada água dura, rica em cátions multivalentes como Ca²? e Mg²?, interfere diretamente na absorção de herbicidas, Fungicidas e Inseticidas, comprometendo o controle de pragas, doenças e plantas daninhas.
A água dura contém altos níveis de cátions multivalentes (Ca²?, Mg²?, Fe²?/Fe³? e Mn²?) e é medida em ppm de CaCO3: 150 ppm indica água dura e 300 ppm, água muito dura. Embora invisível, esses íons participam de reações químicas dentro do tanque, formando complexos insolúveis com produtos ativos como glifosato e fertilizantes foliares. Esse fenômeno, chamado complexação, reduz a molécula ativa livre, provoca precipitação nos bicos ou fundo do tanque e diminui a absorção pelas folhas.
Além disso, a água dura pode acelerar a degradação de defensivos. Piretróides e organofosforados têm sua meia-vida reduzida, enquanto fungicidas estrobilurinas podem precipitar ou degradar, diminuindo a cobertura e a eficácia no campo. O resultado é que, mesmo aplicando a dose correta, a eficiência do controle pode cair significativamente, gerando prejuízos ao produtor.
Para minimizar os efeitos, Paiva recomenda medir a dureza da água antes da aplicação, usar sequestrantes de cátions ou condicionadores de água, ajustar o pH da calda, realizar testes de jarra e lavar tanques e bicos após o uso. Ignorar a água dura pode transformar uma aplicação tecnicamente correta em ineficaz, afetando diretamente a produtividade agrícola.