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Tour Tecnológico mostra em Panambi como atacar erosão

Manejo com foco na água e fertilidade do solo é a nova inspiração de produtores e especialistas


Manejo com foco na água e fertilidade do solo é a nova inspiração de produtores e especialistas

Problema conhecido de longa data, a erosão continua sendo uma ameaça à produção mundial de alimentos e à biodiversidade. A agricultura convencional compacta o solo, inibe as raízes e diminui a produtividade. A água da chuva não infiltra totalmente no solo e arrasta para a estrada calcário, fertilizante e parte do lucro do produtor. Ao contrário do que se imaginava, o plantio direto, sem a rotação de culturas, mostrou-se insuficiente para resolver o problema. O que fazer? Manejo com foco na água e fertilidade do solo é a nova inspiração de produtores e especialistas. Este foi o tema do Tour Tecnológico: manejo do solo e água, realizado na terça-feira (16/08), em Panambi.

O evento foi coordenado pela Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação (FEBRAPDP), Clube Amigos da Terra (CAT Panambi/Condor, Palmeira das Missões e Ijuí), Emater/RS-Ascar, Cotripal Cooperativa Agropecuária, Cooperativa Central Gaúcha (CCGL TEC), Universidade de Cruz Alta (Unicruz) e Centro de Educação Superior do Norte do Estado do Rio Grande do Sul (Cesnors/UFSM).

"Há um esforço para evitar a ideia de que a produtividade virá somente da genética, da qualidade dos equipamentos ou da agricultura de precisão. A fertilidade e matéria orgânica do solo respondem muito mais do que qualquer outra tecnologia", disse o presidente da FEBRAPDP, Alfonso Sleutjes. "Se a gente não cuidar da fertilidade e da matéria orgânica, vamos ter problema de pragas, doenças, nematóides (parasitas) e tudo o mais", alertou Sleutjes.

O presidente da Associação dos Produtores de Milho do RS (Apromilho), Cláudio de Jesus, comparou as ideias debatidas em Panambi com um grande momento histórico, o plantio direto, implantado há 44 anos. "O Rio Grande do Sul deu uma grande arrancada com o plantio direto, na palha. Hoje, estamos dando um novo pontapé. Esperamos que o Estado retome o ambiente e o espaço que foi construído", disse Jesus. 

Pioneirismo

O Rio Grande do Sul foi o primeiro Estado brasileiro a instituir Política Estadual de Conservação do Solo e da Água, em dezembro de 2015. De acordo com o assistente técnico estadual em Solos da Emater/RS-Ascar, Edemar Valdir Streck, a iniciativa leva em consideração a longa trajetória de esforços para proteger o solo gaúcho. Streck mencionou a Operação Tatu, na década de 60, e nas décadas seguintes, Programa Integrado de Conservação do Solo (PIUCS), Microbacias, Pró-Guaíba, Metas, RS Rural e, atualmente, o Programa Estadual de Conservação de Solo e Água. Segundo ele, o serviço de Assistência Técnica e Extensão Rural Social (Aters) praticado pela Emater/RS-Ascar pauta o manejo com foco na água e solo. 

Sintonia

Produtores e especialistas presentes em Panambi concordaram sobre vários aspectos. O manejo do solo, como feito atualmente, não é sustentável; a rotação de culturas aumenta a produção de raízes; processos naturais, como reciclagem de nutrientes, simbiose, alelopatia (substância liberada pelas plantas), trabalham a favor do produtor; o solo deve ser considerado organismo vivo; o manejo deve ter foco na água e solo; o solo deve ficar coberto durante os 365 dias do ano com plantas que se deterioram e produzem palha. 

"Não queremos colocar terraços, mas também não estamos colocando palha. A grande e única saída é a palha", insistiu o produtor Edi Verner Jann. O produtor Marcos Fridrich usou a seguinte metáfora: "a palha é a "pele" que protege o solo e as raízes são os "músculos"".

Rotação de culturas

Resultados animadores foram mostrados pelo produtor Daniel Strobel. Em uma de suas lavouras ele adotou a sequência: milho, capim sudão + nabo forrageiro, centeio, no inverno e, no verão, soja. De dentro de um buraco, escavado nessa lavoura, Streck analisou a penetração de raízes e gostou do resultado.

Em outra lavoura, Strobel, semeou de avião, sobre a soja, nabo forrageiro e capim sudão e, na sequência, aveia. "Quem conseguir entender que tudo está interligado está ganhando tempo", refletiu Strobel.

Cuidado

O engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Dejair Burtet, destaca que é muito importante consorciar gramíneas, como milho, capim sudão e aveia, por exemplo, com leguminosas, a exemplo do nabo forrageiro e soja. "A meta indicada pelos órgãos oficiais de pesquisa é a produção de 12 toneladas de matéria seca por hectare/ano. Isso dá boas condições para a microbiologia do solo", indicou Burtet. 

ONU

Solo infértil também preocupa organismos internacionais. Em 2015, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Ano Internacional do Solo. A entidade estima que 33% das terras do planeta estejam degradadas e considera o fato uma ameaça à produção mundial de alimentos.
 

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