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A Pecuária pede socorro


Mario Hamilton Villela

           A agropecuária é, indiscutivelmente, uma atividade de fundamental importância para o desenvolvimento nacional. É, inclusive, uma questão de segurança nacional. Deve ser reconhecida como tal pelo Governo e, portanto, priorizada com a devida urgência em seus programas. Mas, na verdade, o que, normalmente, se vê, ainda, é a relutância do Governo em estabelecer, no País, uma política agrícola séria, técnica e duradoura que, efetivamente, contemple as reais aspirações do campo e, desta forma, reduza a alarmante situação de fome que vive grande parte da população brasileira.

            A crise generalizada do setor primária, advinda da globalização acoplada à brusca estabilização, a sobrevalorização do real, e, como decorrência, sufocada pela recessão, tudo isto aliado à total falta de política agrícola, obriga o homem do campo a sair, com urgência, na busca de alternativas para sobrevivência de seu processo produtivo.

            Por outro lado, como se sabe, é a agropecuária uma atividade de risco, totalmente, vulnerável às adversidades climáticas e que sofre as constantes oscilações de mercado, fatores estes que, independente da situação conjuntural vivenciada, convivem, permanentemente, com o seu processo produtivo.

            A falta de apoio e incentivos oficiais ao produtor rural têm gerado no campo baixos níveis de utilização de insumos, de incrementos econômicos, de produtividade, de investimentos de capital e de rendimento de mão-de-obra, além de estarem conduzindo o produtor rural a uma terrível descapitalização e a um enorme grau de endividamento.

            Esse novo quadro, vivenciado no cenário rural brasileiro, obriga-nos a algumas reflexões, especialmente, relacionadas com a pecuária. Como a globalização exige profissionalização dos custos e a melhoria da qualidade do produto, o pecuarista terá que ter a condição de se adaptar a esta nova situação. Para tal, terá que se tornar competitivo, ser criativo, produzir com eficiência e produtividade. Quem não tiver estas características sucumbirá e engrossará o êxodo rural. Este novo quadro em que o País foi jogado, quase de repente, fará que permaneça no campo aquele que, efetivamente, souber se adequar a estes novos tempos. Tiver condições de reciclar o seu processo produtivo, repensar seu tipo de exploração, modificar seu sistema produtivo e, sobretudo, sua maneira de administrar ou gerenciar o seu negócio e que tenha coragem de intensificar e diversificar o seu processo de exploração rural. Quem não se adequar aos desafios destes novos difíceis tempos, se já não sucumbiu como pecuarista, desaparecerá, bem ligeiro, do cenário rural. Tenho constatado, com tristeza, que já se vê muita gente, antigos e tradicionais pecuaristas, alijados do campo e vivendo, hoje, na cidade, empobrecidos e, completamente, desvinculados de sua histórica atividade produtiva, isto é, extremamente doloroso, mas é o que esta nova realidade está fazendo, principalmente, para aqueles que não estão, suficientemente, preparados para enfrentá-la. Se não despertarmos logo para o enfrentamento desta nova conjuntura, não haverá sobrevivência digna no campo, muito especialmente, na atividade pecuária.

            Agora, esses desafios não serão só vencidos com vontade e capacidade criativa do depauperado homem do campo. Tem que haver apoio financeiro para o desencadeamento destas novas alternativas de produção. Este suporte financeiro tem de advir do Governo.

            Tem que surgir uma luz no fim do túnel, pelo aceno governamental, com uma injeção de recursos para o custeio pecuário.

            Sem dúvida, um socorro emergencial, chegado, ainda em tempo, pode salvar a empobrecida pecuária.

            Agora, fica, aqui, como conclusão e alerta: se esses recursos surgirem e tomados não forem aplicados com a devida competência, adequada capacidade administrativa e criatividade necessária, buscando a racionalização do processo produtivo pecuário e forem utilizados dentro da "mesmice tradicional vigente", nada será modificado, pelo contrário, servirão, desgraçadamente, para acelerar o processo de liquidação financeira do seu tomador.

 

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