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As principais parasitoses que acometem bovinos leiteiros no meio-norte do Brasil. Parte 3 - A mosca-dos-chifres e miíase


Danielle Maria Machado Ribeiro Azevêdo

A mosca-dos-chifres (Haematobia irritans) é uma pequena mosca hematófaga (ou seja, que se alimenta de sangue) que ataca quase exclusivamente o bovino. A denominação mosca-dos-chifres é pouco apropriada para as condições tropicais, pois a reunião das moscas na base dos chifres ocorre apenas em climas temperados ou nos períodos frios.

A mosca-dos-chifres tem a metade do tamanho da mosca-dos-estábulos, é de cor castanha e tem a característica de pousar com a cabeça para baixo com as asas parcialmente abertas, para sugar o hospedeiro. Essa mosca prefere animais escuros, ou as manchas escuras nos animais; animais de sangue zebu são menos atacados que animais europeus. As moscas permanecem no corpo do hospedeiro mesmo após alimentarem-se, preferencialmente, em áreas fora do alcance da cabeça ou cauda, como costas, paleta, barriga e pernas.

Caracteristicamente observa-se um movimento rápido por parte das moscas-dos-chifres quando o bovino defeca, primeiro da barriga às pernas e depois destas às fezes frescas: são as fêmeas que vão depositar seus ovos nas fezes frescas. A produção de ovos durante a vida da fêmea (até 40 dias) depende das condições locais (temperatura e umidade) e varia entre 80 a 300 ovos.

A atividade hematófaga é o aspecto mais nocivo da mosca-dos-chifres. As picadas são dolorosas, repetidas muitas vezes por dia, deixam os animais nervosos, prejudicando seu crescimento, produção de leite e atividade reprodutiva. Os animais perdem peso, devido à ação irritante da mosca e não por perda de sangue. As picadas afetam o couro devido à reação da pele do animal, a qual se torna grossa e inflexível.

O controle da mosca-dos-chifres deve se concentrar no ponto mais crítico do seu desenvolvimento – a fase de larva, nas fezes dos bovinos. Um programa eficiente de combate à mosca-dos-chifes deve:

- Separar os animais jovens dos animais adultos;

- Utilizar esterqueiras;

- Aplicar tratamento químico somente quando a infestação superar 200 moscas/animal;

- Utilizar o controle biológico das larvas da mosca através do besouro africano (Onthophagus gazella).

Uma outra ectoparasitose de importância na bovinocultura leiteira é a miíase, conhecida popularmente como bicheira, causada pelas larvas das moscas varejeiras. A mais importante produtora de miíase é a mosca Cochliomyia hominivorax, de cor verde-metálica.

As moscas causadoras de miíase são comuns em região de clima quente. Elas depositam ovos nas feridas ou ao redor dos orifícios naturais do corpo do animal. Depois de algumas horas, as larvas saem dos ovos e penetram nos tecidos vivos (na carne do animal) onde se alimentam e crescem durante mais ou menos uma semana. Após este período as larvas caem no solo e se transformam em moscas.

As larvas das moscas podem penetrar em locais como o úbere ou testículo e desta forma ocasionar complicações sérias, inutilizando o animal para a produção de leite ou para a reprodução.

Os animais com miíase apresentam inquietação e emagrecimento. Se não tratados podem até mesmo morrer. O tratamento deve ser feito com substância larvicida, limpeza das feridas, retirada das larvas e aplicação de repelentes e cicatrizantes no local afetado, diariamente, até a cicatrização.

Como medida preventiva, o umbigo de recém-nascidos, assim como todas as feridas nos animais devem ser tratadas, principalmente na época chuvosa.

A limpeza das instalações e a utilização de esterqueiras são medidas gerais de manejo essenciais no combate a miíase.

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