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A transformação digital da agroindústria sucroenergética


Opinião Livre

A transformação digital da agroindústria sucroenergética brasileira

por Leandro Costa e Marcio Campos

Imagine receber de forma muito mais simples e ágil os dados atualizados da sua produção. Esse diferencial pode facilitar a tomada de decisões mais assertivas e, como consequência, o aumento da competitividade do negócio. Essa vantagem já é realidade para muitas empresas e pode ser impulsionada no setor sucroenergético brasileiro. O segmento tem o potencial de liderar essa transformação, por meio de tecnologias agrícolas e da digitalização das usinas, otimizando processos, reduzindo paradas não programadas, traçando estimativas e antecipando possíveis falhas de equipamentos. 

Usinas operando em rede e automação de processos são algumas das soluções que irão guiar esse desenvolvimento global. Sabe-se que a produção de açúcar, etanol e bioenergia a partir da cana de açúcar e cogeração traz consigo um custo fixo alto, então qualquer redução representa valores significativos. Todavia, não se trata apenas de uma questão econômica. A transformação digital possibilita ganho de eficiência e cumprimento das metas de sustentabilidade, uma vez que o monitoramento da produção permite, por exemplo, redução no consumo de água e energia.

De fundamental importância desde o período da colonização, sendo por várias vezes um dos motores centrais da economia, o segmento sucroenergético coloca o Brasil como um dos maiores produtores e exportadores mundiais. A última safra, de acordo com União da Indústria da Cana de Açúcar (UNICA), registrou ao menos 657 milhões de toneladas de cana-de-açúcar processada em todo o país, contabilizando crescimento de quase 3% em relação à produção do ciclo de 2019/2020.
Após um período de baixa produtividade, custo crescente de produção e endividamento das unidades industriais, a agroindústria canavieira do Brasil, enfim, dá sinais de sólida recuperação, sustentada pelo tripé da produção de açúcar, etanol e bioeletricidade, para aquelas unidades que possuem excedente de energia para exportação ao grid, contribuindo com geração de energia sustentável, em um momento que nosso país tanto precisa dela.

Soma-se a isso o fato de que o Brasil segue uma rota de desenvolvimento sustentável do agronegócio. Em vigência, o RenovaBio, programa de estado que externaliza os ganhos ambientais do etanol e tem ainda como objetivo ajudar o Brasil no cumprimento das metas assumidas durante a 21ª Conferência do Clima (COP 21), em Paris, potencializará uma receita adicional às empresas, garantindo ganhos de produtividade e eficiência, maior perenidade nos negócios e previsibilidade, além de valorizar uma matriz energética mais limpa. Tudo isso deve proporcionar mais investimentos ao setor. O programa possibilita também mais uma onda de expansão de produção de cana de açúcar no Brasil, comercializando os chamados CBIOs.

Diante dos prognósticos positivos, a questão que paira é se as grandes usinas darão sustentação a um plano tão ambicioso de colocar o Brasil novamente na rota do desenvolvimento. O mercado oferece o que há de melhor em digitalização e alguns grandes grupos já implementaram tecnologias 4.0 de interconexão da cadeia de valor, em que todas as máquinas e equipamentos não apenas geram dados, mas também atuam conectadas a um sistema de troca de informações em tempo real por meio da própria rede.
    
Por outro lado, o setor carece ainda de infraestrutura básica. O agronegócio brasileiro é dinâmico, mas ainda há falta de conectividade no campo e investimentos em 5G, temas que tem sido amplamente discutido atualmente por políticos e empresários. Soma-se a isso o fato de que o grau de maturidade em automação ainda é considerado baixo.

No entanto, por meio do cenário atual, podemos projetar o Brasil como bem posicionado na agenda ESG (ou ASG em português para Ambiental, Social e Governança) e impulsionado por programas favoráveis ao crescimento constante presente no setor sucroenergético. O país é dos mais importantes players do mercado mundial de etanol e será um forte incentivador na utilização de energias renováveis. Isso tudo se reverbera em um novo desenvolvimento social e econômico, além do tecnológico, o que nos deixa otimistas para os próximos anos. 

Leandro Costa é Head de Vendas de Services na Siemens Energy Brasil e Marcio Campos é diretor de Vendas na Siemens Energy Brasil
 

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