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A vida pós-crise



Vinícius André de Oliveira

Os últimos sessenta dias foram de muitas incertezas e medo mas, também de muita reflexão. Questionamentos sobre como enfrentar um problema invisível sem as armas adequadas e sem estrutura, inevitavelmente, apareceram. Quanto tempo essa situação calamitosa duraria? Como controlaríamos o avanço dos problemas sanitários ao nosso redor sem que isso criasse um problema econômico ainda maior? Como lidaríamos com esse cenário, que aliás mudava a todo a todo instante, e sair com um menor número de sequelas possível? E mais do que isso, buscando fontes confiáveis de informação diante de caos midiático
estabelecido, gerou um desgaste psicológico em todos nós.

Importantes mudanças de comportamento que já estavam a caminho foram antecipadas. Diversas instituições de ensino foram forçadas a se adaptar rapidamente e disponibilizaram aulas à distância para os alunos nas plataformas digitais desde o ensino fundamental ao superior. Processos administrativos e home-office foram implantados em todas as áreas possíveis no setor privado e até mesmo no burocrático setor público. A digitalização de processos do cotidiano tornou-se realidade em um curtíssimo espaço de tempo. Com isso, ficou claro que o mundo digital de fato é possível de se operar quase que na sua integralidade e isso
mostra que, talvez, muitos de nossos problemas, como por exemplo o de locomoção, têm solução.

Aplicativos podem ser utilizados em maior quantidade para serviços de alimentação, financeiros, entregas diversas e mesmo para locomoção nos casos onde não existam outros meios de se atender as necessidades à partir de casa. Veículos autônomos podem transportar remédios, alimentos e outros produtos sem o contato humano. Plataformas digitais na área da saúde prestam orientações à distância e diminuem o fluxo de pessoas em hospitais.

Outro ponto importante é a redução de custos. Para se ter uma ideia, US$11mil é o valor anual economizado por funcionário com metade do tempo trabalhando remotamente, considerando custos imobiliários, rotatividade além dos custos de transporte. São 11 dias de transporte economizado somente com home-office parcial. Diversos outros custos podem ser eliminados das empresas como aluguel, energia e internet. No Brasil, quase metade das empresas já adotava algum tipo de trabalho remoto antes da crise gerada pelo Covid-19. Além disso, existe um ganho de produtividade na maioria dos casos por conta, principalmente, da saúde mental dos funcionários. Em pesquisa feita pela consultoria Talenses, 60% dos entrevistados dizem que trabalham mais felizes quando estão em home-office. Outros 73% afirmam ser mais produtivos quando trabalham em casa e 60% dizem que trabalham mais quando estão em casa do que no escritório.

Entretanto, como tudo na vida, há também o outro lado. O de pessoas que se sentem mais solitárias trabalhando em casa, o dos funcionários do setor industrial por exemplo, que não podem trabalhar em casa e outros casos em que especialistas defendem que a economia e a inovação dependem da interação face a face. E existe também o fato de que as redes ainda não estão preparadas para uma sobrecarga mundial de dados caso o uso da internet seja realmente intensificado com as atividades à distância.

O importante é que essa crise nos traz diversas lições. A primeira é que o mundo e a humanidade nunca mais serão os mesmos. A segunda é que devemos sim estabelecer um padrão mais pragmático e com custo menor em todos os aspectos seja na vida profissional ou pessoal. E, talvez, a lição mais importante: criar um modo de viver com menos quantidade e mais qualidade em tudo. Uma vida com menos supérfluos, menos atividades desnecessárias gerando estresse e com foco total no que realmente importa.

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