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Brasil: a realidade e alguns desafios para 2019 (I)


Argemiro Luís Brum

A situação geral de nosso país beira o caos, depois de anos de desmandos e descontroles econômicos, corrupção e demagogias. Hoje, cresce a expectativa de um bom número de brasileiros quanto a possibilidade de o novo governo, recentemente eleito, dar um fim a esse descalabro. Tarefa longe de ser fácil, pois os desafios são imensos e urgentes, algo que exige estofo político, difícil de ser encontrado. Ficando apenas com alguns aspectos socioeconômicos, a realidade que temos e os desafios que a mesma engendra passa, em primeiro lugar, pela necessidade urgente de reduzir o desemprego e eliminarmos o déficit público.

Há grande capacidade ociosa de nossas empresas, fato que inibe investimentos. Isso só melhora com estímulo à demanda. Sem a geração de emprego não há demanda suficiente. Ora, a demanda aqueceria se o crédito fosse realmente acessível. Não é o caso, longe disso! Entre março de 2013 e setembro de 2018 o juro real médio comercial, praticado, aumentou 39,8% para pessoas físicas, e 24% para as empresas. Enquanto isso, a Selic recuou, no período, 10,34%. Em outubro/18, o juro médio comercial, para pessoa física, estava em 83,31% enquanto para as empresas o juro de capital de giro chegava a 22,13%, enquanto a Selic permanecia em 6,5% aa (cf. Anefac). Por sua vez, o desemprego atingia a 11,9% da população ativa.

Em percentagem o mesmo está diminuindo, porém, a qualidade do mesmo é comprometedora. De fato, o que está crescendo é o emprego informal, sem carteira assinada. Hoje, o número de trabalhadores na informalidade supera o de empregados formais, sendo que o número de trabalhadores privados na informalidade cresceu 4,7% no trimestre julho-setembro de 2018, enquanto o total de trabalhadores formais ficou estável no período. Assim, a economia nacional cresce muito pouco. A indústria, por exemplo, segundo dados da OCDE e da Eurostat, utilizados pelo Iedi, ficava na 30ª posição, dentre 48 países estudados, em 2017. Após os sete primeiros meses de 2018, nossa indústria caiu para a 33ª posição neste ranking.

No trimestre julho-setembro 2018 a mesma recuou 2,7%. Em termos anuais, os nove primeiros meses do corrente ano colocam o crescimento de nossa indústria em um nível 16,4% menor do que o auge alcançado em maio de 2011, estando agora no mesmo nível de março de 2009. Paralelamente, a concentração de renda, via impostos e tributos em geral, nas mãos da União, é assombrosa (a mesma fica com pouco mais de 70% do total). Neste contexto, não é de admirar que um terço dos municípios brasileiros não gera receita nem mesmo para pagar o salário de seus prefeitos, vereadores e secretários, sendo que cidades com população inferior a 20 mil habitantes, na média, têm receita própria de apenas 9,7% de suas necessidades. (segue)
 

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