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Grafeno, uma porta para o futuro


Amélio Dall’Agnol

Os avanços tecnológicos protagonizados pela humanidade nas últimas décadas transformaram a vida dos cidadãos deste planeta. O computador e o celular facilitaram a vida de todos e prometem facilitar ainda mais nos anos pela frente, com o uso de novas ferramentas tecnológicas a serem disponibilizadas. A última novidade, recentemente veiculada na mídia, é a descoberta das 1001 utilidades do grafeno, produto derivado do grafite, este, um material amplamente encontrado no Brasil, país detentor de uma das maiores reservas do produto e cuja exploração poderá gerar bilhões de dólares em divisas para o País.

A existência teórica do grafeno no mundo científico é conhecida desde 1947, mas sua utilidade era desconhecida e só foi descoberta em 2004 por dois cientistas russos trabalhando na Universidade de Manchester, Inglaterra, onde testaram o potencial do grafeno como transistor, uma alternativa vantajosa sobre o silício, atualmente usado na fabricação de semicondutores. 

Deu certo e isso foi só o começo. As pesquisas dos dois cientistas avançaram, foram aperfeiçoadas e novas utilidades foram identificadas com a melhoria da condutividade do produto, tornando-o cada vez mais fino, até chegar à espessura de apenas uma camada de átomos de carbono. O grafite, desde onde provem o grafeno, nada mais é do que uma montanha de camadas de grafeno, uma sobre as outras, que, após intensa esfoliação chega-se a uma monocamada de átomos de carbono; este é o grafeno.

Inicialmente, a indústria microeletrônica será a grande beneficiada pela descoberta do grafeno, particularmente na produção de tablets e smatphones, podendo, os mesmos, perder seu formato retangular e ter sua espessura reduzida ao de uma folha de papel, tornando-os flexíveis para dobrar e guardar no bolso, sem danificar seu funcionamento. Também, finas membranas de grafeno poderão ser utilizadas para filtrar água salgada tornando-a potável, visto que essa camada de grafeno permite a passagem das moléculas de água, mas não as do sal ou de outras impurezas.

Por sua descoberta, os cientistas russos foram agraciados com o Prêmio Nobel de Física em 2010, ano em que foram publicados cerca de 3.000 estudos comprovando os recursos, aparentemente ilimitados do grafeno. Dos materiais da natureza conhecidos, o grafeno é o mais forte (200 vezes mais resistente do que o aço ou mais duro do que um diamante), o mais condutivo (mais do que o cobre) e o mais fino (espessura de um átomo ou um milhão de vezes mais fino do que um fio de cabelo). Três milhões de camadas de grafeno têm a espessura de apenas 1 milímetro. É um produto barato, leve, transparente e que não enferruja em contato com a água.

O Brasil também entrou no circuito do grafeno, através da Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo. Ela adquiriu, recentemente, ao custo de R$ 100 milhões, o primeiro laboratório da América Latina para realizar pesquisas exclusivamente com o grafeno, cujos resultados prometem pagar o investimento em curto espaço de tempo, segundo seus idealizadores.

O maior desafio para quem aposta na tecnologia do grafeno é tornar a produção do material viável comercialmente e em larga escala, igual aconteceu com o uso do silício em transístores, nos seus primórdios. Já existem muitas patentes sobre a tecnologia do grafeno, embora suas aplicações em larga escala ainda sejam incipientes. 

Quando o uso do grafeno se popularizar, seu mercado poderá movimentar bilhões de dólares ao ano em diversas frentes, da eletrônica à tecnologia aeroespacial. 
 

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