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INFLAÇÃO: causas e consequências (I)


Argemiro Luís Brum

A inflação no Brasil voltou a disparar a partir do segundo semestre do ano passado, acumulando uma projeção, para os últimos 12 meses (agosto/20 a julho/21), de 8,94% pelo IPCA. Enquanto isso o IGP-DI e o IGP-M ultrapassam 33% anuais. Ao mesmo tempo, importante se faz frisar que a inflação real, para grande parte da sociedade brasileira, gira ao redor de 25% anuais. Afinal, o índice oficial não retrata, na prática, a verdadeira inflação que os diferentes segmentos sociais do país enfrentam. Tal disparada de preços somente encontrou precedentes, nestes 27 anos de existência do Plano Real, o qual finalmente estabilizou a economia, nos anos de 1994 e de 2015.

No primeiro caso, porque ainda acumulou a inflação galopante dos seis primeiros meses daquele ano, já que o Plano foi definitivamente lançado em julho. Em 2015, quando atingiu a 10,67%, se deu pelo descontrole geral da economia, já em plena recessão e nos estertores do governo Dilma Rousseff, que viria, logo adiante, sofrer impeachment. Pois seis anos depois, o acumulado anual se aproxima deste último nível. Quais os motivos? Alguns especialistas, grande parte da sociedade e particularmente o governo, avançam que o principal motivo seria a pandemia da Covid-19 e o isolamento social que dela decorreu. Entretanto, não é bem assim.

No Brasil, os preços estão subindo, particularmente, por quatro motivos: a forte desvalorização do Real, provocada pelo governo, a partir do segundo semestre de 2020, e que ainda se faz presente, embora em menor intensidade; o forte reajuste dos preços administrados (gás, energia elétrica, combustíveis etc...), muito também devido ao câmbio; a desestruturação das cadeias produtivas mundiais e nacionais em função da pandemia, levando à falta de matérias-primas industriais (plástico, aço, papelão, microprocessadores etc); e o auxílio emergencial, que impactou sobretudo nos alimentos, pois se disponibilizou, até o momento, algo perto de R$ 400 bilhões para esse fim, às classes menos favorecidas que ficaram sem emprego e renda. Destes, o principal elemento inflacionário se encontra no câmbio. Por erro de avaliação, a equipe econômica deixou o Real se desvalorizar para além do aceitável, perdendo o controle sobre a mesma, e reagiu muito tarde ao problema. (segue)


 

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