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Nossos ídolos ainda são os mesmos?


Alexander Silva de Resende

Com pouco mais de meio século de vida ainda mantenho minha trilha sonora... Revivendo a poesia e a filosofia das músicas de Belchior; o inconformismo e a visão de futuro de Raul Seixas e os solos da música de Dire Straits. Me emociono ao rever o filme E.T. e fantasio caminhar pelo tempo como em “De volta para o futuro” e admiro profundamente o acerto profético dos Jetsons!

Sou fã de Darwin, e sua teoria da evolução que nos ajuda a explicar tanta coisa... embora, não tudo! Também gosto de Bourlaug e sua revolução verde que ajudou a produzir alimentos para a humanidade, mas também de Ana Primavesi que temperou essa revolução com a consciência ecológica tão essencial para a sustentabilidade... A visão de “ver, julgar e agir” do processo educacional proposto por Paulo Freire...  Os artesãos da paz, como Nelson Mandela, Papa João Paulo II e Madre Teresa de Calcutá... E a dupla que arquitetou a era da informação com sua genialidade: Steve Jobs e Bill Gates. Enfim são muitos os meus ídolos...

E hoje convivemos com novos gênios influentes, como Elon Musk e sua forma de acelerar as coisas,  Mark Zuckerberg e suas redes sociais, MrBeast mestre da influência digital, Jeff Bezos e sua forma de mudar o comércio mundial com a Amazon... Na música, novos mestres do streaming como Anitta, Gustavo Lima, Ana Castela...

É inegável, gostando ou não, todos eles estão revolucionando o mundo e a forma como vivemos.

Apesar de reconhecer a genialidade do agora, tenho uma imensa dificuldade em comparar essas gerações. Talvez seja ignorância minha, mas a verdade é que me incomoda a qualidade da inovação que vejo.

Antes, tínhamos os "Carpinteiros do Universo" — visionários que criavam estruturas profundas, éticas e filosóficas. Eles construíam alicerces para a humanidade.

Hoje, não sei como denominar esses novos gênios. Sinto que migramos da construção do sentido para a otimização da velocidade. Trocamos a criação de paradigmas pela escala de plataformas.

Talvez meus ídolos ainda sejam os mesmos porque, sim, eu envelheci. Mas o conforto é saber que a poesia e o essencial permanecem, não importa a velocidade do novo. E, como nos lembra a canção de Belchior, eternizada na voz da querida Elis Regina:

"É você que ama o passado e que não vê Que o novo sempre vem"

Diante da velocidade alucinante dos novos gênios, qual será o desafio do agronegócio? Casar a inovação de escala (que otimiza e acelera a produção) com a construção de sentido dos 'Carpinteiros do Universo' — garantindo que a tecnologia e a informação sirvam não apenas para produzir mais rápido, mas também para construir um futuro ético e sustentável para todos? Porque, no campo, o essencial de Darwin, Bourlaug e Primavesi continua sendo a base de tudo.

Mas a única certeza que tenho é que o futuro será bem diferente do mundo que eu nasci... E precisamos acompanhar isso, mesmo com saudades!

Um forte abraço.

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