Quando se fala em mudanças climáticas, acho que poucos brasileiros podem dizer que nunca ouviram falar ou nunca sentiram seus efeitos. O termo “aquecimento global” muitas vezes é mal interpretado, ou ao meu ver, acaba criando uma falsa expectativa do que realmente significa.
O aquecimento global leva às mudanças climáticas! Não espere que estará sempre mais quente, o que vai acontecer é que ora estará mais quente e ora mais frio que o normal. Ora choverá menos, ora choverá mais. Se antes você via chuva de granizo a cada 10 anos, agora poderá ver a cada 5 anos ou anualmente... Ou seja, o aquecimento global torna o clima mais instável e o tempo que esses eventos extremos tornam a se repetir, tenderá a ser menor daqui para frente.
O aquecimento global é um fenômeno natural. Isso já aconteceu várias vezes quando se considera um período geológico de tempo. Mesmo antes do homem surgir. Mas por que falamos tanto no efeito do homem como agente do aquecimento atual?
Bom, não é difícil pra gente ver, né? Desmatamento, queimada, erosão e perdas de matéria orgânica do solo, uso de carvão mineral, petróleo e gás para gerar energia ou abastecer nossos carros e indústrias, enfim... fontes de Carbono que antes estavam retidas no próprio Planeta no subsolo, no fundo do mar, em florestas e hoje estamos retirando de seus locais de origem e disponibilizando na atmosfera. Daí a argumentação forte de que nossa espécie de fato está antecipando uma nova fase de aquecimento e a consequente mudança climática, tendo em vista que CO2 é um dos principais gases do aquecimento global.
O que fazer para ajudar a reverter ou pelo menos estabilizar esse quadro? Isso é algo complexo. Cada cidadão dos Estados Unidos emite cerca de 16 t de Co2 equivalente ao ano enquanto cada Indiano, apenas 3 t CO2 equivalente a cada ano e o brasileiro aproximadamente 6.
Isso impõe que países diferentes possuem impactos diferentes. Quanto mais rico, mais consome e emite CO2 e maior é a sua contribuição para o aquecimento global. Por isso falamos que países ricos tendem a contribuir mais para o aquecimento global.
Ao admitirmos que haverá o crescimento populacional e que desejamos o aumento de renda das pessoas, há de se pensar que só há uma forma de reduzir o aquecimento global: reduzindo as emissões a partir de mudança cultural... Ou seja, as pessoas precisam dar mais importância ao verbo “ser” do que ao verbo “ter”. Ou seja, reduzir consumo!
Não vejo isso possível para quase 2 bilhões de pessoas que se encontram na linha da pobreza, embora seja possível para os demais 6 bilhões, mas pouco provável que queiram...
Então, se meu pessimismo com a raça humana estiver correto, teremos que trabalhar com adaptações climáticas. Cidades em que o verde seja priorizado, coleta e uso de água de chuva, calçadas permeáveis, enfim, precisaremos reduzir a área impermeável nas cidades, estimular transportes públicos, uso de bicicletas, plantar árvores, reduzir deslocamentos motorizados, evitar engarrafamentos adotar práticas agrícolas que estimulem o carbono e a matéria orgânica do solo, fazer uso de biogás, etanol de cana... enfim... Todos os setores podem contribuir pra isso...
Parodiando Titãs: Eu só quero saber do que pode dar certo, não temos tempo a perder!
Um forte abraço
