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Resgatando o passado, em prol de futuro


Opinião Livre

Eng agr Flávio D. Hass

Em meados da década de 70, surgia na agricultura brasileira uma nova técnica, até então inédita e revolucinária: O SISTEMA DE PLANTIO DIRETO, preconizando a semeadura direta, sem o tradicional preparo do solo.

No início desta revolução, no ano de 1974, sérias limitações de maquinário, tecnologia, insumos e de conhecimento, restringiram o avanço do sistema e provocaram retrocessos em produtores que inicialmente haviam aderido ao sistema.

A partir de 1979, com o avanço da tecnologia e do conhecimento, o sistema começa a deslanchar e surgem iniciativas para compartilhar experiências e difundir o sistema, caso dos Clubes Amigos da Terra, criados no RS em 1982 e que tiveram importante papel na difusão e implantação do sistema.

Em 1992, numa feliz iniciativa que se mostrou extremamente eficiente na divulgação do sistema, foi criado o Projeto Metas, “Viabilização e Difusão do Sistema Plantio Direto no Rio Grande do Sul”. Por envolver entidades públicas e privadas de diferentes segmentos do agronegócio, unidos com o mesmo propósito, teve contribuição decisiva na geração de pesquisa, na troca de experiências, na resolução de problemas e na disseminação do sistema, resultando na multiplicação das áreas sob plantio direto, onde o RS saltou de 320.000 ha em 1992, para 3,81 milhões de ha em 1998.

Neste período, foi feita uma verdadeira pregação sobre os alicerces do sistema: permanente cobertura e proteção do solo, rotação de culturas e mínima perturbação do solo.

Por diferentes razões e justificativas, fomos abandonados em parte ou totalmente alguma ou algumas dessas premissas. Destaque para a falta de rotação, com a crescente redução das áreas de milho no RS, ocasionando uma deficiente cobertura vegetal e, consequentemente, deixando o sistema “capenga”, com falta de proteção do solo e a volta da triste erosão do solo; Também temos reflexos na compactação do solo, falta de vida, baixa capacidade de infiltração de água, falta de poros e de oxigenação, resultando em sérias limitações para alcançarmos maiores produtividades.

Em 1989. Iniciei o uso de trincheiras para poder mostrar aos agricultores a importância de um solo equilibrado (química, física e biologicamente falando), no resultado do desenvolvimento das plantas e , consequentemente, na produtividade final da lavoura. E aqui está a lógica do título: se perdemos ou esquecemos parte dos fundamentos que dão sustentabilidade ao Sistema Plantio Direto, é necessária a volta aos tempos iniciais do sistema e a retomada de técnicas que nos permitam mostrar, de forma didática e muito clara, que tudo o que vemos e colhermos de resultados acima do solo, esta diretamente ligado às condições existentes abaixo do solo e que tantas vezes deixamos relegadas a segundo ou terceiro plano…

As velhas e boas trincheiras são importantes aliadas na conscientização de técnicos e produtores sobre os cuidados necessários ao solo, para que possamos reduzir a enorme distância que separa a média de colheita da grande maioria das lavouras, em relação ao rendimento potencial que as cultivares hoje em uso poderiam nos proporcionar.

O solo é nosso mais importante insumo. E ele tem fome, muita fome de palha.

Se não o alimentarmos adequadamente, o futuro do sistema estará comprometido!

E, já que estamos entrando na época de semeadura das culturas de inverno, que tal retomarmos essa discussão sobre palha, rotação, equilíbrio e darmos uma atenção especial ao velho e fantástico CENTEIO?

Ele tem inúmeras qualidades como planta de cobertura no Sistema Plantio Direto:

Rusticidade: 

  • Grande produção de massa seca, mesmo em áreas mais fracas;
  • Tolerância ao alumínio (acidez);
  • Suporta geadas;
  • Tolerância à estiagem/menor consumo de água;
  • Sistema radicular profundo e bem desenvolvido
  • Ciclo mais longo = maior período de proteção do solo;
  • Produção de até 10 t/há de massa seca de forragem;
  • Palha com boa qualidade (alto teor de lignina);

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