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Um país caro, desigual e sem rumo (Final)


Argemiro Luís Brum

Além da carga tributária desproporcional (ver coluna passada), outros quatro motivos ajudam a explicar o porquê de sermos um país economicamente caro, desigual e sem rumo. Primeiro, uma péssima logística, com estradas caindo aos pedaços, portos e aeroportos sucateados, encarecendo o frete sempre mais. Segundo, o Risco-Brasil, onde tem-se uma instável gestão pública na área política e econômica, fato que leva quem investe a exigir retornos rápidos, pois não se sabe o rumo que o país tomará logo adiante.

Terceiro, a baixa concorrência, pois neste descalabro de incompetências, corrupção e amadorismos negacionistas há menos empresas dispostas a se instalarem no Brasil e, as que se instalam, oferecem produtos caros e de baixa qualidade. Enfim, a disposição a pagar dos brasileiros, que aceitam pagar, qualquer coisa, bem mais cara e com baixa qualidade, quase sem reclamar. Ora, para um país onde, se você tem um salário mensal de R$ 3.500,00 já ganha mais que nove dentre 10 brasileiros, isso é o “suicídio” econômico. De que forma? Como a maioria não tem renda suficiente para adquirir os bens de que precisa, ela se endivida ao extremo. Hoje, 67% das famílias brasileiras estão endividadas e 25% inadimplentes.

Enquanto isso, em plena pandemia o 1% dos brasileiros mais ricos detém 50% de toda a renda gerada no país, ao mesmo tempo em que a retomada da economia, pós-pandemia, levará 1,2 milhão de famílias à pobreza, aumentando ainda mais a desigualdade. Soma-se a isso o fato de que este conjunto de motivos nos levou às últimas recessões, ajudando o país a perder 17 fábricas por dia nos últimos seis anos, aniquilando os empregos a elas relacionados, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. Enquanto isso, um deputado federal ganha 10 vezes mais que a grande maioria da população e um juiz pode ganhar até 30 vezes mais, além dos penduricalhos que extrapolam o teto constitucional, no famoso jeitinho brasileiro de fazer a maioria pagar o custo de uma minoria privilegiada. E, para quem ainda não se deu conta, é justamente a maioria deles que gera boa parte desses motivos de o Brasil ser tão caro e desigual, pois criam, aprovam e legalizam leis neste sentido. (cf. UOL Economia, 02/04/21)   

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